QUERO MATAR MEU CHEFE

Poderia ser mais um título nada engenhoso de uma produção cinematográfica de comédia norte americana sobre três amigos que possuem aversão a seus chefes e que têm o objetivo comum de trucidá-los. Na verdade, é. O título original “Horrible Bosses” esclarece de forma bem simples até para os não entendedores da língua inglesa uma realidade comum na rotina de muitos trabalhadores.

Se para você, assim como para mim, não existe sequer a menor possibilidade de pedir demissão, nem muitos menos dispor de uma reserva financeira para contratar um matador de aluguel (e mesmo que você possua, não sugiro que o faça) a fim de acabar de vez com essa questão, invoco: trabalhadores de todo o mundo, uni-vos. Ou, even better: workers, be together and unified!

Esse movimento (se é que posso chamá-lo assim) acaba de ser criado por mim. Mas o mundo já contou com grandes e autênticos líderes que antes de demonstrarem seus anseios em liderar, foram compelidos a servir. Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Nelson Mandela, Getúlio Vargas, Chico Xavier, Madre Teresa de Calcutá, Joana D’Arc, Jesus Cristo, Angela Merkel, Albert Einstein, Ernesto Che Guevara.

Por trás de um grande homem, sempre existe uma grande mulher? Se for uma líder, sim. Tenhamos em mente que o significado do termo líder refere-se a uma pessoa cujas ações e palavras exercem influência sobre o comportamento e o pensamento das demais. Todos os nomes citados anteriormente são ótimos exemplos de líderes que aproveitaram-se de suas autoridades políticas, sociais, econômicas e culturais para coordenar outros indivíduos.

Sejamos sinceros: você já conviveu com algum líder? Em quase onze anos atuando no mercado de trabalho, tive a oportunidade de conhecer uma única figura com esse perfil. Mas e quantos aos demais? Chefes, todos eram apenas chefes. Na língua culta, chefe é um indivíduo investido de poder para ocupar lugar de mando. Na coloquial? Um dirigente de empresa, o patrão.

Mas o que é preciso para ser chefe? Se for da tribo, muita experiência. Fora da aldeia indígena, o estereotipo não muda há anos. Alguém que impõe ordens e é altamente autoritário. Também conhecido por centralizar o poder e pensar apenas em lucros e resultados. Essa pessoa não é de fato respeitada, mas temida. A sua pior faceta é enxergar os colaboradores de uma instituição como subordinados que devem apenas seguir ordens.

O líder, por outro lado, é muito mais que o mocinho da estória. Ele inspira, porque conduz as pessoas pelo melhor caminho a seguir. Além disso, traz a tona o melhor de cada indivíduo, respeita as nossas dificuldades e trabalha insistentemente com a gente para nos ajudar a superá-las. É claro que o resultado continua sendo importante, porque para uma empresa somos um conjunto de algarismos. Mas estando motivados, como não ser eficientes?

Por que será então que a raça de dirigentes ainda não foi extinta do planeta Terra juntamente com o sepultamento de Adolf Hitler? Segundo Nelson Rodrigues “os idiotas vão dominar o mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.” A violência verbal (quem nunca ouviu o brado retumbante de um chefe) e as ilusões demagógicas ainda afrontam grande parcela dos trabalhadores, principalmente por se apresentarem em um cenário de perspectiva duvidosa.

Porém, precisamos ter peito. E não é pouco. Precisamos ter peito para a inovação. Precisamos ter peito para gerar aprendizado. Precisamos ter peito para fazer a coisa certa. Precisamos ter ainda mais peito para abandonar os trajes formais e os bigodes excêntricos que já não estão em moda, para no lugar, poder seguir a linha que une o óbvio ao único: calça jeans, blusa de gola rolê preta e tênis. Receita fornecida por um líder que criou um império.