O passado passado a limpo

Veio-me à lembrança, não sei por que cargas d’água, a forma como eram entregues, num passado não tão distante, o leite, o pão e o jornal.

O leiteiro, numa carroça ou numa bicicleta, deixava, ainda muito cedo, na porta do freguês, um ou dois litros de leite. O entregador da padaria, igualmente, deixava na porta, em uma sacola de tecido ecologicamente correto, o pão quentinho, recentemente saído forno.

Seguia-se o jornaleiro ou gazeteiro que, talvez por estar com pressa, jogava o jornal no alpendre da casa, cujos muros eram infinitamente mais baixos que os muros das casas atuais, guarnecidas por cercas elétricas, que mais parecem muros de penitenciária.

É possível imaginar-se uma cena dessas nos dias de hoje?

O resultado era bem salutar: a mesa posta para o desjejum da família; os filhos chegando e pedindo aos pais a bênção para um dia que apenas se inicia; um agradecimento ao Deus provedor, por uma noite bem dormida e por aquele café com pão, igualmente quentinhos.

A mãe, carinhosamente, fazia uma revista de alinhamento, para verificar a higiene das unhas, o calçado polido, a roupa passada. Tudo OK, beijinhos de despedida, recomendações etc.

Após o desjejum, segue-se uma caminhada em direção aos afazeres: o pai dirige-se para o trabalho, a mãe para os afazeres domésticos e os filhos para a escolha pública de qualidade.

Simples assim.

Djahy Ferreira Lima é contador e advogado,

DJAHY LIMA
Enviado por DJAHY LIMA em 08/11/2017
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