( Heróis)

Essa crônica foi publicada no jornal Hoje em Dia em 1994.

Heróis? Para nós brasileiros foi um feito importante o Tetra Campeonato Mundial de Futebol em 1994. Mas somos vistos lá fora como campeões de corrupção, de analfabetismo, mortalidade infantil,menor abandonado e violências de todas formas.

Nossos jogadores merecem homenagem e carinho. Merecem ser bem remunerados, por serem craques da bola. Foram os valorosos atletas, na conquista da tão cobiçada taça. Mas daí serem chamados de heróis vai uma diferença enorme. Quem são os heróis brasileiros de verdade? Para não alongar muito cito alguns; Tiradentes, que foi enforcado e esquartejado para libertar o Brasil de Portugal. Chico Mendes, assassinado covardemente por que tentou preservar a Amazônia e proteger os seringueiros contra a ganância dos latifundiários. Capitão Lamarca, que largou um emprego estável para combater a Ditadura, a tortura e as injustiças sociais.. Herói foi Seo Joaquim de Oliveira de Contagem MG, metalúrgico negro e pobre, na luta pela a organização do movimento sindical e popular no período da repressão. Heróis são os nordestinos, que convivem com a seca e a fome. São os operários das cidades e os agricultores sem terra. Heróis são os excluídos do sistema, que se esbaldam de alegria com o tetra.!...

Como podemos chamar de herói o jogador Leonardo, que quebrou o rosto de um jogador americano por um simples puxão de camisa? Como chamar de heróis aqueles jogadores que ameaçaram devolver suas condecorações, caso suas bagagens cheia de muambas não fossem liberadas na Alfândega?

A bem da verdade, punição aqui para quem transgride a lei, só vale para pobre! Aí sim,tome Carandiru!... A propósito: onde estão João Alves? Lafaiete Coutinho? Fiúza? Guilherme Palmeira? Fernando Collor? Genebaldo? José Geraldo? Os inúmeros empresários que sonegam impostos?

O sistema de ontem, como no de hoje, se não nós excluídos, não mobilizarmos, o sistema serão sempre nos futuros.

Recordar o passado, pode ser sofrimento, mas serve para questionar o presente, pressupondo um futuro de igualdade social.

Lair Estanislau Alves.