O ano que não acabou

Esse foi verdadeiramente um ano pesado. Muita carga vem se acomodando sorrateiramente nas costas da gente. Parece que foi há pouco que estávamos brindando a um ano novo próspero e feliz no dezembro passado, e 2016 entrou com fúria em nossas vidas. Descobrimos a duras penas o quanto a nossa política é podre, o quanto nossa economia é fraca e o quanto somos ludibriados pela mídia interesseira. Assistimos boquiabertos à bancarrota dos presidentes do Brasil e da Câmara, um cabo de guerra que cansou nossos ouvidos e que dividiu opiniões, gerando ódio e discórdia entre os lados contra e favoráveis a um ou outro. A intolerância correu solta nas rodas reais e virtuais. Isso foi só o começo do jogo de impunidade, de delações e de privilégios que agora mostram descaradamente na mídia. De repente, entre uma delação e outra, a corrupção virou banalidade. O pêndulo da Justiça agora tem lado, tem peso e tem medida para ver quem é o mais forte. A venda caiu dos seus olhos e cobriu nossos, Acordamos cada dia mais pobres nesse ano. A inflação, esse bicho que nos assombra, e que ficou por uns tempos escondido, de repente pôs as garras de fora e atacou nossos minguados salários. Estraçalharam muito dos nossos sonhos. O pavor do desemprego começou a bater à porta de muitos, a desesperança entrou pela porta e insiste em tomar conta de um pedaço de nossas vidas. Estamos vivendo uma crise que parece não ter fim, caminhando por um túnel onde a luz ainda não apareceu no final. Mineiros que somos, estamos cada vez mais desconfiados, esperando o vendaval passar para ver como é que fica. Mas vai melhorar. Somos fortes o suficiente para sobreviver às mazelas, corajosos o bastante para enfrentar as intempéries e lutar bravamente pelos nossos sonhos. Acho até que passar por situações conflituosas de vez em quando nos faz amadurecer, repensar nossa postura diante do mundo e das coisas. O medo e a dor são o que nos sacodem os ombros de vez em quando e nos mostram aquilo que realmente vale a pena nesta vida, o que é essencial para nos fazer felizes.

maria do rosario bessas
Enviado por maria do rosario bessas em 15/11/2017
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