História de uma L adolescente

Uma certa vez,passava pela praça,e me encontrei com duas meninas com mais ou menos 17,18 anos,então me aproximei e começamos a conversar.Elas eram meninas rebeldes mas com ar de mulher experiente e decidida. mas Sofie era a que mais chamava a atenção,era introspecta mas sabia ao certo se expressar.

“ O seu nome era Sofie,tinha 17 anos. Ainda morava com os pais,apesar de logo querer sair de casa.Tinha grandes sonhos,era chamada de ‘sonhadora com os pés no chão e a cabeça nas nuvens’ pois,ela sabia até onde chegar embora queiria coisas que as mãos não podiam alcançar. Pensava em se formar e ter uma carreira. Gostava muito das estrelas e as vezes passava horas olhando para elas. Seus olhos pareciam, as vezes (quase sempre) , boiar no espaço, isso ocorria quando ela pensava e ela adorava isso. Era rebelde as vezes, e firme noutras.”

- Sim,essa sou eu, Sofie Fisher. Prazer. Um adolescente como todas as outras, com um diferencial, ser gay. Isso não me incomoda,sabe. Eu apenas não agüento o preconceito. Na sociedade é assim,eles nos acham bichos selvagens que vão atacá-los a qualquer momento. Quando vêem duas meninas se beijando na rua, logo passam para o outro lado, ficam cochichando com as pessoas ao lado. Eu acho que sendo amor é o que vale. E não digo isso porque estou inserida no meio,mas porque o preconceito é tão ridículo. Eu namoro a 2 anos. E não tento me esconder com ela, eu a amo, e isso que conta. Quando eu comecei a me relacionar com elas (meninas) eu ainda era nova, eu gostava de me divertir,inclusive, hoje fazem 3 anos que isso aconteceu. Eu nem pensava, apenas queria curtir aquele momento, que foi mágico. Não queria saber se eu iria acordar no outro dia achando aquilo a maior besteira, ou se eu chegaria a me casar e adotar uma criança como sempre foi o meu sonho. Só pensava naquele momento. A menina tinha uns 16 anos e eu 14. foi no colégio,onde a conheci. Ela era linda, cantava super bem, eu sempre pedia a ela pra cantar pra mim. Se chamava Carolline. E me encantou com seu jeito de ser. Confesso que fiquei um pouco confusa com aquilo tudo, era muito sentimento em jogo e eu não sabia ao certo o que eu sentia. Mas como eu era muito de curtir deu o meu primeiro beijo, que não saiu da minha cabeça. Então, depois disso eu me envolvi com outras meninas. Na minha turma de amigos, tinham muitas meninas e meninos que eram também, então foi fácil contar para eles. E divertido também. A gente saia muito e curtia tudo que podíamos. Paulo era daqueles gays muito doidos, ele tinha a voz fina, e andava feito moça,mas era o que eu mais gostava da turma. O problema foi quando contei para meus pais. Como nunca fui muito certinha, com eles, fui direto ao assunto. Contei tudo que havia acorrido. Comprei uma grande briga. Eles não aceitaram, queriam me expulsar de casa. Mas o tempo foi melhorando nossa convivência. Eu já não parava em casa para não brigar com minha mãe. Me sentia péssima por ver que o preconceito morava ao meu lado. Mas não me deixava abalar por isso. Lembro que no meu aniversário de 15, eu resolvi que não iria fazer festa e fomos pra um barzinho que tocava musica ao vivo, as musicas dos meus maiores ídolos como Cazuza e Marisa Monte. Nessa época eu estava me envolvendo com uma outra menina, também mais velha,18 anos. Sheilla, ruivinha dos olhos cor do mar, uma graça. Ela era cantora. Cantava muito. Engraçado que nunca tinha pensado que o meio musical me encantava tanto (risos). Eu sempre fui muito apaixonada por musica. Mas perto do dia do meu aniversário ela disse que iria me dar um presente que eu jamais esqueceria. No dia 28, um dia antes, falei para ela que iríamos para um barzinho comemorar lá o meu ano de mais velha,ela disse que não iria pois tinha um compromisso inadiável. Brigamos naquela noite. Mas fui pro tal bar no dia seguinte já que havia combinado com todo mundo,não queria faltar. Estava achando tudo aquilo um tédio sem ela, quando a vi entrando. O musico tinha parado para um intervalo, fiquei observando ela caminhar, sem nem olhar para mim. Quando assustei ela estava subindo ao palco. Veio,se apresentou no microfone –“ Boa noite, me chamo Sheilla Dias e tem uma pessoa aqui,muito especial para mim,que está aniversariando hoje...” e enquanto ela falava eu contava as lágrimas escorrendo nos meus olho, minha mãe me olhando com uma cara de quem queria me matar, já que mais ninguém da família sabia desse meu lado (risos). “..Quero parabeniza-la como ela merece, e o meu presente a você, Sofie, é essa musica que cantarei agora.” Nesse momento, eu já me deleitava com um sorriso em meio das lagrimas. A musica se chamava “A você,meu grande amor.” E contava nossa história. Foi super lindo,acabei voltando com ela ali mesmo e desde de então estamos namorando. Lutamos contra as fases da sociedade a todo momento,mas não deixamos de nos amar por isso. Não me privo de beijá-la aqui nessa praça porque tem crianças nos olhando. Não há nenhum mal nisso,somos seres humanos livres de escolhas. E escolhemos uma a outra para viver e somos felizes.

‘O mundo hipócrita, que vive fora de nós julga mas no fundo somos todos curiosos (risos)’

Foi com essa frase que ela terminou seu relato.