DA PROFILAXIA (A doença nasce da fraqueza do espírito)

A doença nasce da fraqueza do espírito. A doença é um aviso de que algo anda errado em nossas vidas. E o primeiro passo para buscarmos a cura, é admitir estamos doentes.

Às vezes, perdemos noites, procurando saber de onde nasceram as feridas, a angústia, o olhar triste.

Carecemos de felicidade, essa estranha em nossas vidas. Nós a buscamos em lugares onde muitas vezes ela não está. Acabamos por aumentar ainda mais a nossa insatisfação. Sentimos o vazio de quem necessita de algo que não sabe alcançar.

Como seria bom se encontrássemos o caminho que nos livrasse dessa dor, dessa loucura de não saber dar respostas para o que sentimos.

Como seria bom voltar a ter paz, a ter leveza nos atos. Quem não gosta de ter a grande força que movimenta os indivíduos em busca das realizações pessoais?

Não é todo dia que podemos ouvir e falar dessas coisas. Às vezes, pagamos para alguém nos escutar. Às vezes, estamos tão sós. Não sentimos ninguém por perto. De repente, vem aquele medo da solidão e uma lágrima cai em frente ao espelho.

Estamos frágeis. E não sabemos para onde foi a tranquilidade que nos dava a paz para apreciar um dia de sol. Agora nem nos damos conta de que há sol, de que há uma manhã bonita lá fora e crianças brincando no parque. Estamos encarcerados.

É difícil explicar e traduzir o vazio. Mas é certo que toda dor nasce dessa falta que sentimos, dessa complexidade que atribuímos ao viver. A dor nasce dessa falta de Deus ou qualquer outro nome que ousamos dar. E essa falta gera o desespero, a insônia.

Quase sempre temos medo de estarmos a sós diante da nossa própria face. Fugimos de tudo e de todos. Temos medo de enxergar o próprio rosto e ver as marcas que ele acumulou ao longos dos anos.

Para estarmos bem, é preciso nomear as dores, o vazio. Entender um pouco da nossa própria história. É preciso estarmos vivos de verdade, com a energia que nos desloca pela vida e nos faz modificar algo dentro de nós.

Admiro as pessoas que, apesar de terem passado por tantas e tantas coisas, ainda conseguem manter acesa a chama da esperança. Ainda encontram forças para terem forças. E isso é a grandeza e o fascínio do ser humano.

Às vezes, ao longo da vida ouvimos pessoas nos dizerem que ter esperança não é muito recomendável. No fundo, essas pessoas estão dizendo coisas provenientes de suas experiências desastrosas. Então, seria preferível que elas permanecessem caladas, já que a grande atitude é poder falar de coisas boas, mesmo estando na tristeza. É defender o belo, mesmo estando amargurado. É conseguir fazer pelos outros o que não fizeram por nós.

Creia: mesmo quando tudo está perdido, ainda veremos surgir algo para nos fortalecer, como se fosse a última gota de energia guardada para o grande final. Só precisamos de prudência e paciência. E para alcançar isso, é preciso muito esforço. É preciso aprender a lidar com as perdas. E quase sempre temos medo de perder, esquecendo que da perda nasce o aprendizado. E este deve ser um processo lento para que possamos aproveitar cada momento do nosso avanço em termos de evolução espiritual.

Durante muito tempo ainda vamos nos perguntar: por que sofremos? E o mais difícil vai ser encontrar respostas para isso. Mas podemos facilitar as coisas e desarmar o espírito para mostrar a nossa verdadeira face, mesmo que ela em um determinado momento denote fraqueza. Devemos ser, pelo menos uma vez, nós mesmos. E está cada vez mais difícil agirmos com autenticidade.

O sistema quer robôs e corações programados para serem frios. E ser frio é tão fácil. Mas o ser frio sempre perde a oportunidade de saborear a felicidade, o verdadeiro amor.

Outra coisa importante é buscarmos sempre a força do amor. Com amor tudo pode ser mais simples. Acredito que o amor pode curar as doenças. O amor pode despertar algo, até então adormecido dentro de nós. O amor salva e protege. É como diz aquela passagem dos Coríntios: “Sem amor eu nada seria”.

Não há nada mais importante do que a segurança emocional, do que se sentir amado - amando também. Quem sente isso, tem mais força para enfrentar a vida. Tem mais ânimo para resolver os problemas. Tem mais disposição para sorrir. Aí para ser feliz é só um passo. A felicidade é uma conquista diária.

Se soubermos atentar para isso tudo, não acordaremos mais assustados durante a noite. Não sentiremos mais o ar faltar no momento mais necessário. E toda aquela dor não terá mais sentido. A angústia desaparecerá. Nossa aparência ficará mais saudável e teremos lucidez para vivermos um dia de cada vez.

É isso! Apesar do que já disseram, acredito que ter esperança é algo muito bom. E ter alguém do nosso lado é melhor ainda, principalmente se estivermos de mãos dadas, enfrentando juntos todos os obstáculos que surgirem pela frente, como forma de crescermos e nos tornarmos indivíduos plenos.

OBS.: Este texto foi escrito em 1998, quando eu tinha 24 anos, e passava uma das grandes provações da minha vida. Estava no meu segundo ano de Rio de Janeiro (sou de Belém), havia me separado de uma pessoa muito importante na minha vida. E eu me via só, completamente deprimido e sofrendo. Uma vez, acordei de um sonho intenso. E a primeira frase que me veio à cabeça foi: “A doença nasce da fraqueza do espírito”. Peguei a máquina de escrever e fiz esse texto todo, sem entender o que aquelas palavras queriam me dizer. Tudo fluiu absurdamente. Terminei o texto e senti uma paz. E neste mesmo dia um amigo me convidou para ir a uma casa espírita. Eu topei. Ao chegar lá e ouvir o que o palestrante falava, eu me arrepiei. Porque a palestra desse dia falava justamente sobre como as doenças tomam conta do nosso corpo quando o nosso espírito está fraco. Chorei intensamente naquela uma hora de palestra. E depois desses anos todos, encontro o texto datilografado e resolvi digitá-lo. E me veio toda a lembrança desse dia e todas as transformações que eu tive. O mais curioso é que o texto é de uma sinceridade incrível e foi uma forma de eu tentar ajudar a mim mesmo. Espero que desperte coisas em algum novo leitor.

Raul Franco
Enviado por Raul Franco em 01/12/2017
Reeditado em 02/12/2017
Código do texto: T6187588
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