Um Dia no Terminal

Dia no Terminal

Transeuntes correndo esbaforidos.

Um cheiro de dióxido de carbono impregna o ar...

Os coletivos passam, param em frente as filas e de novo partem repletos...

Alguns se agitam: perderam a hora...

Gestos de cansaço ou de enfado...

Jovens abraçados enquanto esperam...

Esses têm uma expressão feliz no rosto...

O vendedor ambulante recomeça seu bordão: vale transporte ou um real por dez paçoquinhas...

Alguns abordam os passageiros com o ônibus em movimento...

Recitam os seus textos para uma platéia dispersa...Falas decoradas para uma ação de sobrevivência...

Alguns negociam tacitamente sua permanência nos coletivos buscando angariar a simpatia do cobrador...

Exercícios de poder em curso...Na pobreza, na informalidade, nos sub- empregos ainda há o espaço para o ser humano praticar ações de dominação onde parecia impossível...

Um movimento antropofágico onde quem não tem, ainda sofre a pressão de um pseudo-poder, tão real e injusto quanto os que grassam nos altos escalões...

Os passageiros desembarcam nos seus destinos...

A mulher com as compras do supermercardo se equilibra no corredor...

Uma jovem ocupa um lugar do idoso e testemunhamos um ato de cidadania significativo: uma outra jovem cobra o direito do idoso, alguns poucos lhe dão apoio...

Por fim, a cadeira é desocupada sob palavras hostis do “infrator”...

Chega o ponto final os últimos passageiros descem...

Joselma de Vasconcelos Mendes
Enviado por Joselma de Vasconcelos Mendes em 22/08/2007
Código do texto: T618781