Amor e traição

Ainda ontem, em conversa com um amigo, falávamos de amor e traição e de amor verdadeiro que, para ele são coisas opostas. Eu ponderava alegando que não é simples assim. -Tenho essa mania de advogado do diabo. ...É que a coisa é confusa mesmo. Você pensa que gosta e descobre que não ou o inverso... Ou ainda que o caso não era bem de não gostar, mas de não gostar o suficiente. Por outra parte, há quem se sacrifique por quem ama; o que, em tese não deveria, uma vez que o amor não exige ou, no mínimo, não permite que alguém que se ame se sacrifique por si. Ao mesmo tempo, aceitar esforços de quem se ama é amar ainda mais porque reforçaria a ligação transformando o sacrificado num prolongamento de si mesmo ao comungar a dor sofrida por este. Quanto ao sentido que se dá à traição, ele pode ser circunstancial e depender do estado psicológico do (a) traidor (a). Ainda há o fato da simplificação das modalidades, circunstâncias, intensidades e caráter (se repetitivo ou acidental). Fato é que, tal como quem trai, a pessoa traída também possui valores que darão o tom do ato e sua consequente gravidade além de critérios que venham a ser considerados segundo suas emoções e capacidade de perdoar, entender ou não. Às vezes lembro uma canção da Fátima Guedes gravada pela Simone nos anos 70’s, em que num trecho da letra diz: “Ah meu amor / estamos mais safados/ hoje tiramos mais proveito do prazer/se somos um/ quando dormimos juntos, sonhos separados/ que não podemos confessar de modo algum”. Em outras palavras, a gente jamais saberá o quanto o consciente de quem se ama cede às liberdades do seu inconsciente e se não ceder (ainda que não concretize) seria mesmo saudável.