CHEFES MEDÍOCRES>EQUIPE DESMOTIVADA>EMPRESAS FRACASSADAS.

Quando, no final do século XIX, o engenheiro francês Jules Henri Fayol protagonizou a teoria clássica da administração, definia-se ali que a função administrativa tinha vital importância nas organizações, já que coordenava todas as demais diretrizes e resumia-se no famoso POC3 (Planejamento, Organização, Comando, Coordenação e Controle).

Dentre esses componentes, há um destaque especial para a função de comando, pois é ali que se traçam as estratégias para o atingimento dos objetivos definidos na fase do planejamento. Comandar, na visão de Fayol, era a capacidade de dar ordens e esperar obediência, sempre centralizada em uma autoridade que exercia o poder de forma vertical, o que era perfeitamente produtivo para aquela época.

Trazendo esses conceitos para os dias atuais, percebemos claramente a gigantesca evolução em todas as áreas do comportamento humano e das relações corporativas, onde o trabalho mecânico e repetitivo foi cedendo lugar aos meios eletrônicos, automáticos e virtuais, em que as pessoas passaram a ser enxergadas como o capital humano das organizações, que deve buscar o aperfeiçoamento contínuo e as qualificações necessárias para lidar com as pulsantes inovações, o que pressupõe abrir mão de velhas e arraigadas práticas do passado, onde chefes, comandantes e patrões devem ceder lugar ao exercício do poder de forma descentralizada, priorizando o trabalho em equipe, a liderança e o reconhecimento, como forma de motivação, autoestima e engajamento da força de trabalho.

Diante de tanta evolução e modernização, é assustador que em pleno século XXI, uma boa parte daqueles que detêm cargo de comando nas empresas pareçam ter parado no tempo e congelado em suas mentes os conceitos do final do século XIX, quando exercem o poder de forma coercitiva, arrogante e ameaçadora.

Com flagrante carência de conhecimentos e qualificações, esse tipo de “profissional”, em nome do atingimento dos objetivos e do ambicionado reconhecimento de seus superiores, impõe um verdadeiro clima de terror junto às equipes, utilizando-se de artifícios nefastos e condenáveis por qualquer teoria administrativa.

Nesse vale-tudo, o colaborador é vigiado e pressionado sem tréguas, cobrado por objetivos exagerados e inatingíveis, sendo induzido a se sentir incapaz, impotente e estimulado a cometer, de forma involuntária, alguns desvios éticos, em busca de uma superação que possa lhe proporcionar a sensação do dever cumprido e um alívio quanto à permanência no emprego.

Nunca é demais lembrar que esse tipo de gestor é severamente prejudicial ao resultado geral de qualquer entidade, sem contar com os males causados aos seus empregados, que perdem a vontade de trabalhar, com consequências danosas como o estresse exacerbado, adoecimentos, baixa produtividade e alta rotatividade.

Mas, se esse tipo de comportamento é tão devastador, por que será que as empresas insistem em manter os maus gestores em seus cargos? A resposta está no poder de manipulação peculiar a esses indivíduos que, às custas de gritos e pontapés, conseguem resultados que saltam aos olhos dos gananciosos e insaciáveis “patrões” que, numa míope visão de curto prazo, não implementam uma eficiente política de avaliação de desempenho, uma estratégia para a descoberta de talentos, a valorização da inteligência cognitiva e emocional, dentre outras medidas que perenizem e deem sustentabilidade aos resultados.

De nada adianta a propalada e inquestionável modernidade que transformou a maioria das grandes empresas em verdadeiros parques tecnológicos, se o comportamento das pessoas não evoluir na mesma proporção. Comandar continua sendo uma tarefa intrínseca ao ser humano, que a deve exercer com maestria, abnegação e bom senso. Não lhe deve faltar a capacidade de um ser eclético, para acompanhar as constantes mudanças, agir com flexibilidade e com o olhar para o futuro, estar sempre disposto a implementar as adaptações necessárias e indispensáveis que sejam impostas pelo momento presente, encarando essa missão como uma arte de promover o crescimento sustentável da organização, o desenvolvimento e o bem-estar dos colaboradores, além do bom relacionamento com clientes e fornecedores. Sem essas premissas, comandar deixa de ser uma arte para se transformar em uma nociva desventura que deve ser evitada a qualquer custo.

AFBRITO
Enviado por AFBRITO em 18/12/2017
Reeditado em 07/01/2018
Código do texto: T6201838
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