dezembrando

Eu ainda sou aquela que carrega o mundo nas costas, e por algum motivo ele pesa um tanto mais nos dezembros. Talvez por isso não seja meu melhor mês nem a época que eu consiga ser o meu melhor. Às vezes recorro às madrugadas para escrever e por nenhum outro motivo que não a urgência que algumas coisas têm de sair desse peito. Ontem mesmo, eu enchia meu estômago com os restos do meu esmalte vermelho por motivo de: eu não to dando conta de lidar com a indiferença desse mundo sobre as minhas costas. Pousei meus dedos nas letras e fiz um desabafo com a pura intenção de atingir quem em meu peito habita. Quando entrei em 2017 eu dei início a uma libertação tão necessária. Mas eu demorei para entender dessa forma, mesmo com toda a coragem de dar o passo eu senti cada minuto e pode ser que por toda essa confusão, misturada com outras acumuladas, eu esteja saindo de 2017 ainda presa em alguma coisa. Embora seja um habitar mais leve e bonito, eu não consigo ver a instabilidade e isso me assusta. O mundo estará o mesmo em 2018, e eu continuarei esperando olhares que me abracem desejando ficar. Ambos precisaremos de muita coragem para chegar.

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 21/12/2017
Reeditado em 23/12/2017
Código do texto: T6204840
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