Trinta e oito anos depois

Hoje, trinta e oito anos depois a vida continua com aquele ar triste, ainda mais triste e sem graça, ainda mais agora sem o esteio da família. Nunca tivemos Natal e jamais culpei A ou B por isso. O que seria esta ilusão de natal? Foi no natal que perdi meus irmãos e hoje não lembro deles; tentei procurar saber, mas há pessoas totalmente desprovidas de simpatia e amor ao próximo, preferem jogar pedras e andarem com o coração armado. Jamais entendi a aspereza das pessoas, meus pais sempre foram pessoas boas e amorosas, apesar de terem lembranças ruins no coração. Um dia talvez, eu consiga entender o porque não consigo lembrar dos meus irmãos. Gostaria de saber coisas simples; como eram, comportamento e o dia a dia deles.

Primeiro fim de ano sem o nosso Pai, sem aquele jeito tranquilo e sereno. Apenas Deus pode nos dar tranquilidade para conviver com a dor da Saudade. Era de uma bondade sem tamanho, sempre que precisei seu colo estava ali, seus conselhos. Saudades de conversar com o senhor e escuta-lo contar aquelas histórias de quando era caminhoneiro, as histórias do vovô e tantas outras. Lembro da tristeza que ficava quando tocávamos no assunto dos meus irmãos, o senhor saía do local e quieto colocava-se a pensar num canto. Carregava no coração amor e tristeza por não ter a companhia dos filhos queridos que se foram pela obra do destino.

Sei que a vida continua, nós daqui e o senhor em um local preparado pelas boas ações, amor ao próximo e a vida com retidão que teve. Saudades, muitas saudades!

Goianésia, 25 de dezembro de 2017.

Aureliano Peixoto
Enviado por Aureliano Peixoto em 25/12/2017
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