O Refutado

No século XI – grafa-se em algarismos romanos – em um dos reinos da Saxônia, o rei indicou para primeiro ministro a um cidadão afamado na sociedade daquele reino, mas que havia cometido alguns deslizes, inclusive, não cumprindo os preceitos de algumas leis e que o povo nem mesmo imaginava.

Como se sabe, o século XI compreende os anos mil cento e um a mil e duzentos, e a indicação por parte do rei Frederick, daquele reino, - nome fictício - ocorreu em torno do ano mil cento e trinta e quatro.

Não obstante, os demais integrantes do governo monárquico se posicionaram contra a posse do cidadão, chamado Klaus, no cargo de Primeiro Ministro foi contestado pelos demais membros da cúpula governamental.

Refutado pelos demais colegas da monarquia saxônica, Klaus – nome imaginário - não tomou posse do cargo em uma primeira instancia, todavia, através dos discursos inflamados de um jurista seu amigo, impetrou um mandado de segurança contra a decisão colegiada dos companheiros de politica porque, em seu modo de entender, havia sido; profundamente, injustiçado.

A liminar entregue ao Órgão Jurídico daquele reino, Klaus aguardou por sete dias ao pronunciamento do chefe jurídico na expectativa de se apossar do cargo oferecido, pois com a sua peculiar neurose pelo poder, viu no cargo a probabilidade de se tornar mais abastado e, no futuro, mais afamado ao passar para a história como governante.

O parecer não lhe agradou porque o Órgão Jurídico do reino declinou da indicação e recomendou ao rei que escolhesse, e, indicasse a outro nome do seu agrado.

Klaus, inconformado, contratou outro jurista e, novamente, entrou com novo recurso através de outra liminar negada, em segunda instancia pela espécie de desembargador que, visando a sua decisão em refutar os argumentos inferidos na liminar, dirigiu as lentes óticas para os deslizes do candidato cometidos no passado.

Ávido por saciar-se no cálice do licor da fama e na taça do vinho do poder, Klaus haveria de entrar com um terceiro mandado de segurança e nova liminar, mas, ainda assim, mais uma vez, os argumentos não foram suficientes e o candidato amargou uma terceira derrota na batalha jurídica para assumir o tão almejado cargo.

Depois da ultima derrota em sua derradeira batalha, Klaus no silencio do seu aposento para dormir, certa noite, conversando com o luar em fase cheio, que insistia em adentrar por uma fresta na janela e, daquele luar esquálido, acatou os ensinamentos para que, doravante, agisse com retidão de caráter e procurasse, pelo menos procurasse; não prejudicar ao seu semelhante em prol de benefícios próprios.

Daquele dia em diante, Klaus, recolhendo-se a insignificância dos seus atos ilícitos, passou a cumprir os ditames das leis e se antes vergado sob o peso dos deslizes em sua coluna vertebral não física, mas abstrata, viu-se desenvergar e se tornar um personagem quase reto.

No entanto, a despeito do seu desejo em se tornar o Primeiro Ministro do reino, a vida não lhe deu a oportunidade, pois, entravado pelo peso inevitável dos anos, alquebrado pelas enfermidades que, infelizmente, assolam ao corpo físico de qualquer individuo na historicidade humana, sofrendo com uma Diabetis Melittus, durante uma noite de sono, veio a entregar a alma à morte em virtude de um Infarto Agudo do Miocárdio que o surpreendeu dormindo.

O caso em questão, fictício por sinal, se não tivéssemos descrito século XI ao invés de século XXI, retrata a recente escolha do Presidente da Republica – Michel Temer – para empossar a deputada Cristiane Brasil no cargo de Ministro do Trabalho, desencadeando uma batalha jurídica que, salvo melhor juízo, seria dispensável por razoes obvias.

Uma observação...

Antes de seguir em frente com os argumentos deste texto, cabe um singelo explicativo:

Pode ocorrer que algum leitor [a] conteste a minha referencia – Ministro do Trabalho – por se tratar de um elemento do sexo feminino.

Ora, além de dominar alguns idiomas e, principalmente, o meu; português, que pode ser o português-brasileiro, ou melhor, e mais adequado o brasileiro, não explico o porquê em virtude de não estar vendendo uma aula do idioma, sou, antes de tudo, um ser pensante e escritor e, na qualidade de ser pensante e escritor, não estou obrigado a adotar, me sujeitar, e, seguir às convenções que não ofereçam sustentáculos.

Presidente de uma República, Ministros de quaisquer pasta e assemelhados, quando classificados dentro da gramatica do vernáculo são substantivos comuns de dois, portanto não se diferenciando em razão do sexo e, assim, presidenta e ministra são impropriedades linguísticas que ate mesmo os jornalistas renomados, que estampam as telas dos televisores, que prefiro não citar, proferem, empobrecendo a língua, em nome de algo que se insiste em denominar português-padrão; ora faça-me um favor!

Português-padrão?

Sim, a língua falada pelo povo em geral!

Assassinar a cultura deveria ser enquadrado como crime hediondo e passível de pena e não fui; não sou e jamais serei assassino.

Abandonando o contexto para entrar no texto, a indicação da deputada Cristiane Brasil pelo Presidente Michel Temer soa estapafúrdia, quase amoral, pois em seu histórico, salvo melhor juízo, consta ter sido o alvo de reclamações trabalhistas cujos valores nem mesmo se sabe se foram saldados.

Um cidadão que construiu uma moradia e, ao invés do teto convencional optou por colocar um teto em vidro, jamais lançará pedras sobre ele porque sabe, de antemão, que o fato lhe trará prejuízos, pois o vidro é passível de quebrar-se; não é mesmo?

Por essa razão é que tiro o chapéu para o Ministro do Supremo Tribunal Federal – Carmen Lucia – pela lisura e profissionalismo em refutar o nome da indicada para assumir ao cargo por motivos óbvios.

Pergunta-se:

Como se pode empossar a uma pessoa em um cargo de responsabilidade tal que, em cujo cargo a ser exercido; essa pessoa possui antecedentes que caracterizam descumprimento legal e que possam contradizê-la em alguma eventualidade.

Que o ser humano é corrupto da raiz dos cabelos à planta dos pés desde os primórdios da eternidade, já se sabe; agora, abanar a brasa para alimentar o fogo é outra probabilidade; o que digo?

Raciocine-se...

Abanar a brasa que alimenta o fogo da indicação da deputada Cristiane Brasil para assumir o cargo de Ministro do Trabalho não é fomentar esse fogo ate que incendeie a todo o sistema?

Dirão os incautos, os neófitos e os energúmenos; mas a pasta não deve continuar acéfala...

Concorde-se...

Então...

Que se escolha a alguém que seja capacitado e que esteja com as vestimentas da alma tão alvas quanto às nuvens que passeiam no tapete azul do céu.

YOSEPH YOMSHYSHY
Enviado por YOSEPH YOMSHYSHY em 23/01/2018
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