O Caminho da Volta

Já estou de regresso à minha casa, depois de quase vinte dias curtindo as belas praias do Ceará, estado nordestino que me acolheu aos dezessete anos, quando ali estive com outros “cassacos”, compartilhando esforços para a construção do açude público da cidade de Orós, na década de cinquenta.

Orós presenteou-me com o mais significativo regalo a que tive acesso em minha vida. Recebi como dádiva imerecida, a linda e prendada cearense, Matilde, que nem mesmo Iracema, a virgem dos lábios de mel, sua conterrânea, a superou em formosura. Depois de receber aquele mimo incomparável, tornei-me seu príncipe consorte. Há cinquenta e quatro anos, desfruto da felicidade de tê-la como esposa. Não me fiz príncipe por acaso. Ascendi à nobreza por ter desposado uma rainha. Fácil assim!

Ao retornar da viagem à Fortaleza, caí na mesmice dos meus poucos afazeres, como aposentado. Fiz algumas caminhadas, intentando reduzir o excesso de peso, acumulado graças às iguarias consumidas nas barracas da Praia do Futuro e nos restaurantes da capital, onde me foram servidas fartas porções de “baião-de-dois”, regadas à carne de bode. E mais: comi deliciosas buchadas, patinhas de caranguejo e bebi muita água de coco.

Em aqui chegando, pus-me a ler, coisa que faço rotineiramente. Também ocupo meu tempo ocioso exercitando a memória em busca de informações advindas da leitura de bons livros e mediante observações do cotidiano, com o propósito de produzir textos literários para compartilhá-los com meu reduzido número de leitores. Exatamente como o faço agora, ao ler o romance do escritor americano, John Grisham, intitulado A Delação.

A história ficcional do insigne escritor narra os esforços de uma jovem investigadora de polícia e de um informante secreto, envolvidos num jogo de alto risco, ganância e assassinato. Esse livro foi elogiado pelo conceituado jornal The Washington Post, por refletir “Um olhar fascinante sobre a corrupção judicial”.

A leitura de A Delação foi a deixa que me instigou a falar da excessiva corrupção existente no Brasil, a partir do exercício do poder político pelo famigerado Partido dos Trabalhadores, o desclassificado PT. Reconheço não ser apenas essa organização criminosa a única a praticar a miríade de delitos que nos assola cotidianamente. Se o PT não instituiu a roubalheira tupiniquim, pelo menos a aprimorou. Em larga escala!

O tal partido político ainda fez de bobos seus incautos seguidores, ardorosos crentes de promessas e procedimentos inverídicos. Dizem que “quem mente, rouba”; portanto, é justo tê-los como tais.

Estamos cansados de tanta corrupção. Rouba-se muito no Brasil de ontem e de hoje. Na atualidade, principalmente. Até mãos mutiladas pela imperícia de seu dono, quando das raras atividades produtivas que exerceu, surrupiaram a nossa riqueza. Sua ex-Excelência e seus contumazes asseclas roubaram escancaradamente. Sem escrúpulos.

As acusações dos atos ilícitos praticados por Luiz Inácio, acabamos de vê-las explicitadas pela egrégia turma do Tribunal de Recursos da Quarta Região. Os jovens desembargadores, dignos de nossa admiração e respeito, não apenas confirmaram a condenação prolatada por Sua Excelência, o juiz Sérgio Moro, como aumentaram a pena de 9,5 anos de reclusão para doze anos e um mês de xilindró.

Não suportávamos mais a impunidade reinante, sob o beneplácito de nossa Justiça, até então cega, surda e muda. A mudança, parece-me, já foi decretada. Ultimamente, vislumbramos a possibilidade de vê-la consolidada a partir da iniciativa exemplar de jovens juízes, promotores e policiais, cônscios de seus deveres. Assim, as punições passaram a ser rápidas e ausentes de privilégios.

Esperamos de nossos juízes não apenas a competência jurídica, mas, também, o rigor na aplicação das sentenças punitivas. Como julgadores, torço para que sejam justos e sábios para proteger os direitos de todos e igualá-los segundo ditames da Constituição Brasileira.

Que assim seja!