Despertar ou Viagem azul
 
    É verão ainda, mas faz um pouco de frio na Serra. Cai uma garoa e há cerração em alguns pontos do caminho. Entre nuvens cinzentas, finas nesgas azuis de céu.
    Alguns povos antigos não nomeavam a cor azul. Penso um pouco sobre isso , sobre  os seus porquês, enquanto o carro rola na tranquila estrada, com pouco movimento nesse dia. No meio da mata, surgem a todo  momento manacás floridos. Uma profusão de flores brancas e roxas.
    Embalada pela música do som do carro, que repete "Let it be...Let it be", eu ,(com a liberdade de quem  não está dirigindo), adormeço. Mergulho num sonho rápido: o pé de manacá ,no quintal  da casa modesta da infância. No meio da neblina.
    Súbito, como num acordar  para um sonho ao  contrário, a retina invadida pelo excesso de luz, vejo um imenso céu azul. Fazia sol na tarde da planície!
    Dizem os meteorologistas que dias abertos e belos são apenas anomalias...