O Mágico e o Serrote

O Mágico e o Serrote

Meu pai nasceu em Amola-Faca, interior do Espírito Santo. Cedo veio para a Capital, onde constituiu família e criou os sete filhos. Jamais visitamos essa terrinha de nome curioso, seria um morro de pedras afiadas ou uma terra violenta e sem lei?

A boca-miúda achávamos nosso pai um pouco medroso, corriam estórias de medo de cobra, de carreiras em grutas escuras.

Mas temos um episódio de bravura na sua adolescência, um circo visitava a cidade, um mágico serrava pessoas ao meio. Na sessão de domingo os irmãos foram assistir, a plateia silenciou quando o artista pediu um voluntário para dar a mão a bela moça de vestido vermelho e entrar no caixote.

O serrote enferrujado, o repique da bateria, um clima de terror e levantou-se o destemido moleque, no auge de seus quinze anos.

O melhor da estória era a cara dele contando o desfecho: ...estava tudo escuro, não vi nem ouvi nada!

09/17