TODOS ELES SÃO IGUAIS

TODOS ELES SÃO IGUAIS

As três Marias conversavam numa mesa a parte enquanto seus maridos em outra bebiam, comiam e jogavam conversa fora. A Maria Teresa, a Maria da Glória e Maria Raimunda já tinham falado da vida de todo mundo e esgotado o repertório de moda, de culinária e de fofocas e os homens nem sequer demonstravam que iriam encerrar aquele encontro.

Sem assunto resolveram gabar seus maridos. Cada qual melhor do que o outro. Santos, sinceros, apaixonados, mão aberta, dava tudo que pediam. As esposas só paravam de falar quando estavam de boca cheia de petiscos que saboreavam enquanto conversavam. E cada qual contava mais vantagem do seu parceiro. Uma dizia que o seu amado levava o café na cama, a outra que ganhava joias, a terceira se pabulava do esposo carinhoso, afetivo e beijoqueiro.

Na falta do que mais falar resolveram por defeito nos maridos das colegas ausentes. O esposo de fulana é estúpido, de cicrana é amarrado e da outra é mulherengo. Diziam-se superiores, sortudas pelos exemplos de companheiros que tinham e que não aguentavam desfeitas. Experimente aprontar que leva um fora. Respeito é bom e eu gosto, diziam elas.

A conversa entre os homens estava muito animada. Curiosas resolveram fechar o bico e escutar o que rolava naquela roda. Para surpresa e indignação o “santo” cônjuge da Maria Raimunda disse: eu só não tiro minha aliança porque não sai mais do meu dedo. Elas se entreolharam espantadas. Amiga não guarde esse desaforo. Quando chegar em casa tome satisfação. Não engula essa. Ele deve está namorando. E as outras duas continuavam de nariz empinado. Elas sim tinham bons consortes. E afirmavam: meu marido não abre a boca para dizer uma asneira dessa.

Continuando de olho na conversa vem a segunda decepção. O outro comentou que ao ser indagado se estava gostando da esposa Maria Teresa, já que o casamento estava dando certo, respondeu: eu não é ela que está gostando de mim. Que absurdo! Teresa que humilhação. Isso não é coisa que se diga. É falta de consideração. Exija respeito.

A Maria da Glória pensava que tinha escapado. Estava feliz. Na mesa dos homens a conversa vai, a conversa vem. Cai risadas, gargalhada para cá e pra lá até que vem mais uma para escandalizar. Olha o que esse maridão teve a coragem de dizer: mulher não se ama se esnoba.

Elas se entreolharam espantadas e chegaram à conclusão:

TODOS ELES SÃO IGUAIS!

Continuaram amando seus companheiros e nem sequer tomaram satisfação.

Não vale a pena.

RUIM COM ELES PIOR SEM ELES!

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 25/02/2018
Reeditado em 26/02/2018
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