Cinco de março

O tempo passa e a natureza se encarrega, a depender da matéria de constituição de cada ser, decidir o que realmente deve se apagar e o que deve permanecer para sempre.

Pode ser que nem tudo seja de imediato compreendido corretamente, mas deveria. O passar do tempo faz com que as coisas naturalmente se desgastem ou em alguns casos se acabem, mas posso dizer que já vi coisas que com o passar do tempo se solidificam tornando a estrutura inabalável.

O tempo passou e passamos por mais um “dia cinco de março”, desta vez pude ver que o “cinco de março” hoje é como uma destas coisas que com o tempo se desgasta e por fim se acabam.

Este “cinco de março”, que conheço e sinto a falta, pode ser que não volte. Ou será que o “cinco de março” acabou, e continuo o querendo como se quer uma pessoa que morre e não volta mais.

O “cinco de março” que hoje sinto falta já não importa. Por que importaria se o tempo passou e ele pode ser apenas uma lembrança?

O “cinco de março” foi exposto ao tempo sem cuidados e sem proteção e depois de fragilizado foi provado ao fogo e não resistiu. Hoje sozinha tento dar vida nova ao “cinco de março” para que ele viva novamente e se eternize como um sonho bom do qual não se quer acordar.

É triste notar que ele não reage. O “cinco de março” está lá jogado ao chão, ensanguentado agonizando seus últimos sussurros. São palavras que mais parecem um gemido da mais terrível dor. Quem o vê de longe jamais pode compreender. Mas, eu que com todas as minhas forças estou agarrada a ele vejo que não quer partir.

Sei que minha vida sem o “cinco de março” não faz sentido, Hoje entendo claramente eu e ele somos um. Posso sentir a intensidade de sua dor, e, penalizada desejar com ele me tornar uma doce recordação.

Jubas
Enviado por Jubas em 07/03/2018
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