Não gosto de cortar o cabelo.

Nunca gostei de ir ao barbeiro, desde criança, é uma tarefa das mais chatas pra mim, embora faça amizades com eles, pois sou de conversar .

Penso que é o fato de ter um estranho tocando a minha cabeça, dobrando a minha orelha e coisas assim, rsrsss...não sei !

Na "Ford" ia ao barbeiro de lá, que fica dentro da empresa, e me conhecia desde sempre, o Narciso ( belo nome para barbeiro), que tem um olho de vidro, o que não o impede de fazer nada, joga futebol, dirige e também corta cabelo. O pessoal o chamava de pombo, porque diz que pombo caga na cabeça das pessoas, mas ele nunca ligou para brincadeiras, é super bem humorado. Ele sabia de tudo, era antenado, mas não inventada , fazia a fofoca boa, se é que existe ( ?).

Nunca fiz a barba no barbeiro, pois acho bobagem, é uma coisa tão simples e rápida que não vale a pena pagar para isso, além do mais ter um cara passando uma navalha no pescoço não é lá muito agradável, dá de ser um psicopata !

Acho o preço alto, cobram em média r$ 50,00 , não acho que valha tudo isso, para dar um "tapinha " na cabeça, e eu já nem tenho muito cabelo, estou velho e ficaram pelo caminho.

Me perguntam ; "Posso cortar os pelos da sobrancelha?" - Digo; " Não precisa, deixa assim, depois eu corto", pois não vejo a hora de sair do salão.

Alguns salões são mistos, eu não ligo, já fui em alguns que haviam mulheres na cadeira do lado, mas acho um pouco esquisito, não dá para conversar mais à vontade, e depois tem o lado privacidade, pois durante o corte às vezes ficamos com os cabelos espetados e tal, e dá um pouco de vergonha.

Quando garoto haviam aquelas maquininhas manuais que eram de doer, no verdadeiro sentido, pois puxavam e judiavam um pouco, e meu pai exigia que cortássemos bem curtinho, "americano" , e eu detestava, me sentia um soldado. Um dia , já com doze anos, eu não o obedeci, e pedi um corte mais moderno, mesmo tendo que enfrentar a fera em casa, mas sabia que ele não pagaria um segundo corte. Claro, não gostou nem um pouco, mas daquele dia em diante não precisei cortar americano, acho que meu pai percebeu que a gente não era feliz se parecendo com um recruta.

Nos anos setenta parei de cortar o cabelo, era moda manter uma vasta cabeleira, e a minha ficou enorme, um verdadeiro roqueiro de cabelos claros, quase um "Robert Plant" ( Led Zeppelin), no início o meu pai falava , implicava , depois foi deixando , afinal a gente era do bem, estudava e não era de aprontar.

Estar na moda era autoafirmação, nossos amigos também eram cabeludos, e as garotas nos curtiam nos bailes. Engraçado é que ninguém fazia rabo de cavalo, pegava mal, rsrsss...A minha namorada tinha o cabelo bem curtinho, o que dava um contraste , às vezes vinham aquela piadinha besta : " Quem é o rapaz , e quem é a moça ?". Nem ligava muito para isso, éramos jovens .

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 08/04/2018
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