sabado 14
Eu e meus amigos
caderno e caneta
cigarro e cerveja
estamos a sós com o mundo
Uma camisa amarela me lembra facismo
um olha de criança no colo tranquilidade
cara relaxada
alma tensionada
longe mim
o trânsito me leva ao desaparecido
Um crente passa mancando
deve ser sapato apertado
uma linda garota passa olhando
deve ser o cigarro
e eu me sinto um carro
A blusa esquecida no ponto de ônibus
talvez nunca mais terá dono
é vermelha
talvez esquente no frio da noite
uma saudade de ser mendigo invade
e eu vou parar nas lembranças
de amizades da estrada
Eu não percebo o mundo girando
e me sinto tonto
Agora uma folha em branco
aquela beleza passando
e eu ficando
Não sei quanto de cerveja ainda resta
mais do que sair de quem sou
sempre sendo o mesmo diferente
procuro olhar pra frente
sem ver adiante
procuro olhar sem ver gente
pra me sentir distante
longe do mundo que vivo
procuro não ser do mundo um abrigo
que outros planetas me habitem
outras vidas me dizem
tem muita gente pensando
e o pensamento vai passando
a caneta escrevendo
e eu vou sendo
o escritor de coisa nenhuma
Meus segredos na boca do povo
olha eu me sendo de novo
além das montanhas
eu olho
e vou aonde estou
no lugar onde estou sentado
me encontro
viajando
A cerveja está acabando
minha amiga companheira
não vejo a hora de me livrar de ti
para ter você dentro de mim
a polícia empatando o trânsito
quem diria
continuo viajando
SInto-me incapaz de ser feliz
como um mudo que diz
quero cantar
Busco do mundo algum insulto
quando isso vai acabar?
E vai acabando
a cerveja o cigarro
e os carros passando
eu vou ficando
o corpo a alma
e a glória
de ter passado mais um tempo vivo
Enquanto sobrevivo
ou sub vivo
vou escrevendo
e me sendo