Dizem que homem é manhoso, mas nunca fui assim !

Verdade que homem é um bicho manhoso ? Qualquer coisinha , dói aqui e ali, só falta chamar a mamãe para lhe servir um chá quente ou uma canja ? Na falta da mãe, a esposa vira o alvo dos queixumes , e choraminga deitado no sofá cheio de não me toques !

Definitivamente , não sou assim, e nunca fui ! Pelo contrário, escondo as minhas dores e não gosto de preocupar as pessoas de casa. Não gosto de remédios , e só os tomo em casos extremos.

Em trinta e cinco anos na Ford , não me recordo de haver saído mais cedo ou faltado por doença. Deve ter ocorrido, mas não me lembro ! No meu tempo, me levantava da mesa e ia até o ambulatório da firma, e o médico sempre receitava uma tal de "Benzetacil", uma penicilina doída , que deixava a gente pior do que havia entrado. Um dia desses de febre e espirros, fui até o ambulatório e não aceitei tomar a "bendita " injeção, pedi aspirinas e saí. O enfermeiro ficou me olhando meio esquisito, pois ele tinha que anotar a medicação e o nome do paciente, mas eu tomo o que bem entender, e não o que querem que eu tome.

Quantas e quantas vezes trabalhei com dispensa médica, e sem reclamar, apenas levando o dia do jeito que dava. Muitas vezes com dores fortes, como quando tive problemas crônicos com o nervo ciático. Nessa época eu tinha um comércio, e meu filho quis me levar ao médico de carro, mas não aceitei, lhe disse para ficar tomando conta da loja que logo voltaria, e saí à pé até o posto de saúde à cinco quadras . Andando com dificuldades e com muita dor, passo a passo, parando às vezes pelas fisgadas, mas fui me virando. Depois fiz dez seções de acupuntura, e ia dirigindo até a clínica, demorou um tempo , mas solucionou.

Tive outros problemas , que não vou ficar aqui contando, mas o fato é que nos quase quarenta anos em firmas vi muita gente manhosa, gente que faltava três ou quatro dias por uma gripe, ou por uma conjuntivite. Eu já trabalhei de óculos escuros em razão dessa tal de conjuntivite, aplicando os remédios e "pau na máquina", não parei.

Só não me pedissem para voltar dirigindo à noite na estrada por muito tempo, só em caso de vida ou morte, caso contrário paro e vou dormir em alguma pousada ou mesmo motel, o que estiver mais à mão. A imagem da estrada fica muito repetitiva e vai hipnotizando, o que diminui o reflexo, prefiro então sair cedo e descansado. De dia posso dirigir três ou quatro horas seguidas, mas à noite me cansa bastante pelo excesso de atenção.

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 17/04/2018
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