Ele

Era sábado, o sol tinha acabado de sair, abri as janelas e olhei para o céu azul acima de mim, prontamente me lembrei do dia que me aguardava, o sorriso em meu rosto desaparecera.

Peguei aquele papel responsável por tanto sofrimento, tanta dor, ajoelhei e o apertei contra meu peito, ainda com lágrimas em meu rosto disquei o número dela e a chamei para perto, precisava vê-la, precisava de seu abraço.

Escuto uma voz no portão, com meus olhos ainda vermelhos chega o momento em que voltara à sorrir, na hora que encontrei seus lábios pensei em dormir com eles para sempre, visto que só neles encontrava o motivo de levantar todos os dias.

Saímos então, apertei sua mão, lembro que prometi a você nunca soltá-la, mas meu corpo não vai conseguir cumprir essa promessa, você poderia me perdoar?

Chegamos na sorveteria, você sorriu, pedi o seu sorvete de chocolate, do qual tanto gosta, você, do mesmo modo, pegara o meu de creme, pois também sabia que era o meu preferido. Sentamos na praça, tinham crianças brincando, você depositou sua cabeça em meu ombro, ao mesmo tempo lembrava da sua infância e das peripécias que aprontava, acabamos rindo, mas meu corpo deteriorado chorava, lembrava da promessa que te fiz, que teríamos dois filhos, viajaríamos juntos, como uma família, contudo, não sei se irei resistir mais um dia, você poderia me perdoar?

Acabamos voltando para casa, decidimos assistir algum filme, com toda a certeza do mundo seria um romance, é o nosso gênero preferido, deitamos, nos abraçamos, ligamos nossas linhas vermelhas, brilhamos como um, afinal, éramos um. Em dado momento choramos, você pelo filme, eu por nunca mais sentir seu calor.

Tinha chegado a hora de ir, me arrumei, peguei o papel antes amassado, abotoando a camisa olhei para o espelho e te vi chorando, mas não era nenhum filme, era a dor causada pelo nosso adeus, nesse momento a última parte minha intacta rachou, quebrei a promessa mais importante que te fizera, disse que nunca a faria chorar, mas eu fiz, amor, você poderia perdoar o meu corpo cansado?

Chegamos até o local, utilizei o restante das minhas forças para abraçá-la, para beijá-la, sentei na cadeira, ela gritava, perguntava se eu voltaria, não queria mentir para ela, a única coisa que consegui foi dar para ela o meu sorriso mais sincero, que a fizesse resistir, pensei em tudo, nos nossos abraços, nos sorrisos, nos sorvetes, até nas brigas, pois elas nos transformaram, mas principalmente, lembrei do nosso amor, e, pela última vez, derramei lágrimas, eu só queria voltar, sair daquela cadeira e voltar para ti, entretanto, passei por aquela porta, para nunca mais voltar, para nunca mais te ver.