PASSARELA

Esta semana quando ia para o trabalho ao parar no sinal, observei uma mulher caminhando no canteiro da avenida. Uma mulher loira, cabelo preso, óculos escuros, bolsa a tiracolo, vestido daquele leve e longo, que está na moda. Deveria ter seus trinta e poucos anos, bonita. Até comentei com o amigo que estava comigo (acreditem, muito raramente nós homens comentamos sobre outras mulheres que não sejam nossas namoradas, noivas, esposas. Esse era um desses raros momentos de exceção), que aquela mulher parecia desfilar numa passarela.

Foi então que pensei: mulheres não precisam de passarelas para brilhar, seu brilho surge em qualquer lugar. Não falo dessas modelos ou atrizes famosas, falo das nossas mulheres, aquelas que não precisamos de televisão ou internet para vê-las, basta acordarmos, sairmos à rua.

Também não faço referência àquelas mulheres que se encaixam na beleza padronizada pela mídia.

Refiro-me aquelas mulheres gordas, magras, baixas, altas que caminhando em um canteiro, em uma calçada chamando a atenção de quem passa.

As mulheres que fazem dos shoppings, dos parques, das praias suas passarelas e de nós homens, desprevenidos, sua platéia.

Falo daquelas mulheres que mesmo ainda amamentando, e se sentindo a mais gorda das mulheres após dar a luz, encantam quando passeiam pelo parque levando seu filho no carrinho, com aquele sorriso, aquele ar de maternidade que as deixa as com uma aura de anjo.

Falo daquela mulher que com um olhar dissimulado nos deixa pensando que somos irresistíveis. E como elas são mestres nessa arte!

Quantas vezes já giramos a cabeça (pasmem, nós também viramos a cabeça quando sozinhos, mesmo que raramente) quando aquela mulher, jovem ou madura , passa por nós. E ela não precisa ser bela, basta apenas sentirmos aquele cheiro gostoso, aquele olhar insinuante, aquele caminhar seguro !

A mulher faz da areia da praia sua passarela exclusiva, feita somente para ela. Mas, elas têm este direito: que graça teria um domingo na praia sem aquele desfile de mulheres, com seus biquínis pequenos, seus maiôs comportados, suas cangas, toalhas para as mais reservadas, mas cada uma encanta com seu andar único, aquele balanço gostoso! Balanços diferentes: insinuantes, ousados, tímidos. Mas, cada um chama atenção de alguém em algum momento, nenhum andar passa totalmente despercebido.

Para uma mulher dominar as passarelas das ruas não precisa de roupas caras, sapatos chiques, muita maquiagem. Basta a ela apenas uma roupa que molde seu corpo, não somente aquele corpo de "violão", mas uma roupa que deixe aqueles quilos, que ela acha que estão sobrando, mais atraentes, ou então marque seu corpo magro. Afinal para nossas mulheres não tem meio-termo ou estão gordas ou estão muito magras, elas nunca se acham perfeitas. Se pudessem se ver com nossos olhos, saberiam que elas são as modelos que olhamos, admiramos e desejamos cada dia numa dessas passarelas espalhadas pela vida.