Sobre amizades

O termo “amicitia” do latim, traduzido para o português, significa amizade. Alguns etimologistas dizem que essa palavra, talvez, tenha sido originada do verbo latino “amare”, o qual expressa o sentido de amor ou amar hoje. Mas, o que quer dizer, exatamente, amizade? De forma geral, afirma-se que é uma relação de afetividade entre indivíduos, independente de etnia, gênero, idade e sexo. Seria uma espécie de afeição e carinho que um sujeito tem pelo outro, havendo um sentimento de lealdade, proteção, dentre outros aspectos. Ou seja, é um relacionamento social voluntário de intimidade, no qual alguns dos principais princípios estabelecidos são a reciprocidade, ajuda mútua, compreensão e confiança muitas vezes.

Entretanto, até que ponto uma amizade pode ser considerada verdadeira? Será mesmo que os seres humanos são capazes de serem fiéis mesmo às pessoas que mais amam e queiram bem? Nesse mundo globalizado, percebemos que muitos passam por cima de outros - que tanto julgam ser especiais para os mesmos - com o intuito de obter vantagens e se beneficiar unicamente em muitos casos. Não só na dita Idade Contemporânea, mas acredito que, com o avanço dessa concepção e do sistema capitalista e individualista, de tal modo, isso tenha se intensificado. Porém, não pretendo seguir esse caminho, enquanto escrevo essa crônica.

A minha indagação é: qual o limite da boa amizade? Ela, realmente, existe ou seria uma utopia pessoal, simultaneamente, coletiva, a fim de nos deixar mais confortáveis, quanto ao emocional, como um não estar sozinho(a)? Eu me lembro, sempre, de uma frase do Rubem Alves (autor que admiro imensamente): “as pessoas querem que você esteja bem, mas, nunca, melhor do que elas.” Tal reflexão me fez pensar sobre inúmeras pessoas que já passaram pela minha vida e deixaram um aprendizado. Esse pensamento vale em todas as esferas da vida: nos estudos, no financeiro, no familiar, no pessoal. Às vezes, por melhor que alguém seja, parece que alguma coisa possa incomodá-lo em outros sujeitos. Infelizmente. A vida que nos é posta é uma competição e acho uma pena que quase todos sigam este raciocínio.

Antes, quando era mais nova e mais ingênua, acreditava que a amizade era algo eterno, intenso, irrompível. Só que a criança é genuína em si mesma, o que não acontece, conforme vamos amadurecendo ao longo da nossa jornada. Os olhares ficam mais maldosos e mais atentos às atitudes que muitos indivíduos cometem, em sua maior parte, com o objetivo de ferir/machucar. A partir de então, aprendemos a ser mais seletivos e a escolher estar perto de quem nos faz bem, além de nos deixar confortáveis. Claro, ninguém é perfeito. O ser humano erra diversas vezes. Todavia, nos questionamos: “por que fulano faria algo que ele sabe que não gosto? Seria brincadeira ou maldade?”. Essas frases possuem um significado gigantesco e parece que sabemos a resposta, não é mesmo?

De fato, procurar ficar perto de gente que tenha uma percepção, pelo menos, parecida com a nossa é fundamental. A quantidade é ínfima diante da qualidade. Não venho propor soluções, até porque eu acho que nem sei bem a respeito delas para essa questão. Mas, é importante que tenhamos em mente que raros são aqueles que, realmente, guardam nossos segredos e não aproveitam nossas fraquezas para tirar seu próprio proveito. O homem é falho. Não pretendo que deixe de acreditar em todos, mas saiba em quem. Não existem amizades verdadeiras e, sim, pessoas que tentam ser verdadeiras.

Muitos nos decepcionam e muitos, ainda, virão para nos decepcionar, mas não desanime: a vida é como a onda que o mar leva e traz renovada. Somos um ciclo. Faça de suas experiências mais escandalosas e inacreditáveis, como vários aprendizados adquiridos. Colha aquilo que lhe acrescente e jogue fora o que possa matar o seu espírito de paz. Eu sei, parece autoajuda (talvez, seja), contudo precisamos encarar nossos empecilhos como soma, senão nada nos resta.

Quer saber de uma coisa? Eu não deposito fé, de cara, na humanidade, deposito na minha tentativa de ser melhor. Sugiro que faça o mesmo. Assim, sigamos!

Mariane Amaral
Enviado por Mariane Amaral em 02/07/2018
Reeditado em 19/05/2019
Código do texto: T6380020
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