* METADES DE UM ADEUS *

10:12 de uma manhã nublada e nebulosa.

Os dias se arrastam como se fossem camelos no deserto, sedentos por uma sombra, onde possam descansar todo o cansaço.

Fadigado é o tempo que não cessa. A dor que impregna é constante.

Olhos marejados, olhos cansados, olhos parados em um vazio que se transforma em um buraco negro na parede branca, que é fitada sem o esboço de uma única piscada.

Pedidos de socorro são ouvidos ao longe.

Que pena!

Dá-se conta que são apenas os ecos vindos de dentro de si mesmo.

No peito, sente dor pungente, como se a lâmina da mais afiada espada do beduíno, que solitário caminha, corta-se-lhe ao meio.

Inclinada cabeça para baixo. Não sente forças em erguê-la.

Que tristeza é essa?!

Onde está a alegria que outrora sentirá sem o menor esforço?!

Indagações feitas enquanto o buraco na parede se abre cada vez mais, parecendo engolir tudo a volta.

Época do adeus. Época da tristeza.

Sempre acreditou nisso. A religiosidade ainda se faz dentro da alma. E o amor a Deus, é a certeza de todo infinito.

Tudo se perde, mas a fé é permanente.

Um pouco tristonha, enfraquecida, mas não pela ingratidão, e sim pelo cansaço que a alma sente.

Reflete a extensa caminhada. Quantos sorrisos dados, quantas juras oferecidas, quantas promessas conjuradas, quantas mentiras ditas....

Mentiras...

Mentiras...

Mente que se transforma em ira.

A lágrima que cai, é apenas o sal do amargo que sente na alma.

Sabe que precisa de seu sono sagrado, e roga.

ROGA aos céus o alívio da estrela solitária que fita em meio as árvores.

Ela só queria dormir. ......................................e esquecer!

Pensa no todo e no tudo vivido.

Sim! Ela se entregou!

Amou como amou a escrava egípcia que fitava seu faraó, sabendo então que a carne que dela ele consumia, era apenas a carne que dela ele consumia.

Não havia amor........................era apenas uma metade sentida.

Calada, amava.

Calada chorava.

E eu, egípcia, choro.

Sei que a dor é apenas mais uma dor....E céus! Como dói. Mas, no mais, cessará assim como cessam as lágrimas que o tempo leva para um mundo onde ele guarda para si somente, todas as lágrimas derramadas.

Irei fechar meus olhos e rogar para que esse mesmo tempo que me trouxe teu amor, que o leve de vez embora, com todas suas mentiras contadas, seus enganos a mim despejados, com cada fagulha de minha alma que arrancaste sem a menor piedade.

Hoje tens meus restos, daquilo que já teve inteira.

Seguir se faz no necessário imediato....E EU SEGUIREI!

Talvez eu ainda chore. Talvez eu ainda sinta essa dor pungente que hoje me arranca as entranhas. Sem tempo determinado, planejado, mas na certeza que o amanhã sempre virá depois de outros amanhãs.

E no adeus, jogo folhas ao vento. Quem sabe um dia....Um dia, elas hão de se encontrar....

No mais....

Adeus!

Agridoce P
Enviado por Agridoce P em 16/07/2018
Reeditado em 16/07/2018
Código do texto: T6391146
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