LINHAS QUE SE ENCONTRAM...

Há alguns anos, ganhei de presente um conjunto de seis xícaras de chá. Elas são brancas com pequenos e delicados desenhos de frutas que ficam em cima uma toalha de xadrez azul. Com o tempo, as xícaras quebraram e só restaram três.

Quando vou lavá-las, ou guardá-las no armário, gosto de observar as rachaduras que fazem parte de seu interior. Como se fossem marcas de expressão, os desenhos das linhas retas e curvas se unem e se separam, parecendo mosaicos antigos a sugerir imagens de árvores, chapéus de fadas, figuras geométricas, folhas, labirintos, mapas, torres, pássaros, peixes, pontes...

Estas linhas escuras e finas destacam-se nas xícaras brancas, deixando as imagens nítidas e interessantes. Comparo-as com as linhas das mãos, com os caminhos misteriosos do coração e das diversas escolhas, algumas difíceis, mas necessárias que fazemos durante a vida... Quanto às xícaras, cuido com mais atenção e carinho, pois as considero pequenas obras de arte.