A torre Eiffel

Marcinha, a chauvinista, pelos cantos andava e pelas esquinas declamava seus ideais. O nacionalismo, o povo brasileiro, as nossas raízes! Sim, as raízes! Sempre as raízes! Aqueles estrangeiros, aqueles que aqui em nossa terra entravam, maculavam nossas mulheres, e comiam de nossos cajuís! Fora!

Bem informada que era, Marcinha pegou o jornal; seus olhos foram guiados para a seção de classificados, na qual se lia:

"FRANCÊS RICO PROCURA BRASILEIRA ANIMADA"

Indignada, nossa Marcinha, com o músculo crico-aritenóide rígido, despedaça sua miniatura da torre Eiffel e pega o telefone. Disca.

"Ah, esse invasor verá!". Encontro marcado.

Um mês passado. Matrimônio estabelecido. Marcinha, já na França, com o velho francês, adora caminhar pelas esquinas de Paris. Ah, a torre Eiffel, bela torre Eiffel!

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QUANTO AO COMENTÁRIO DE FERBAINTY [e aprveitando p/ esclarecer certos elementos da crônicos a potenciais leitores que venham a fazer confusão...]

FerBainty, perceba q o conteúdo do texto é absolutamente conotativo.

Marcinha representa um segmento; a torre Eiffel, figura textual que permeia todo o texto, os ideiais/aspirações do referido segmento.

portanto temos a construção de uma idéia implícita com base nesses dois elementos centrais.

as orações curtas/léxico simples também têm um propósito.

Abraços, Sérgio

Sérgio Nepomuceno
Enviado por Sérgio Nepomuceno em 06/09/2007
Reeditado em 06/09/2007
Código do texto: T640601