Pinga Pura

Aguardente de cana com mel

Caipira com limão, caipirinha.

Desce pela goela arde, esquenta.

Tem nome diverso, até piadas.

Pé de cana, quem bebe muito.

Quem muito sente que o sabor

Arde a entranha, quando escorre.

Pela garganta adentro, vai rompendo.

Até pensamento, até frases que diz.

,,,de bêbado não tem dono

Bebi pra esquecer, a marvada da cachaça.

Das marca baratas, às sofisticadas.

Bem brasileira, capoeira,

De gosto apurado

Até meio adocicado

Uma dose, abre o apetite

Mais que isso acredite

Vai ficar desacordado

Com gelo ou sem cela

Mas quando bate na goela

Esquenta qualquer peão

Acostumado ou não

Cara feia, arrepio, dor tudo junto

Tem até marca

Levanta defunto

Afoga, magoa, de dor, sofrer

De amor, morrer, eita trem bão

Me diga quem não tomou

Quem souber qual gosto tiver

O gosto de madeira

Das misturas, das raízes

Pela tala, pela luta, pela vida

Coisa dura, livre, pesa, amarga

Quem passou pela experiência

Do primeiro gole, enfim desviginado

Do Chupador do já chupado

Do bagaço da cana amassada

Do mal cheiro da vinhaça

Do fermento do alambique

Cai pura, no tonel a envelhecer

Pinga boa, pura, doce

Com mel, limão, e gelo

Olhe pro céu, irmão pra vê-lo

A infância da criança, da inocência

A pinga suave leve, deixa sua marca

Roberto F Storti
Enviado por Roberto F Storti em 07/09/2007
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