O melhor de você

O melhor de você

Pedro Coimbra

ppadua@navinet.com.br

Que os usos e costumes estão mudando aceleradamente ninguém se engana...

Décadas passadas o tempo passava devagar, devagarzinho, infância era infância, cheia de brincadeiras e artimanhas, adolescência era um tempo mágico, com algumas violências e muito carinho dos participantes.

Ser adulto simbolizava muita realidade, responsabilidade e a senilidade o tempo de fazer um rol do passado, simbolizando tudo o que passou...

Hoje graça por todos os cantos a depressão, a angústia campeia solta, passamos do destemor para o medo, aqueles valores maiores se foram e o que existe é a perda de dignidade.

Em conseqüência de todos estes problemas do dia-a-dia ocorreu um fato sintomático que é a baixa da auto-estima...

Escreve-se e fala-se sem parar procurando-se fórmulas mágicas a todo instante para que se possam resolver tantos problemas e não acontece nenhuma solução.

As grandes cidades crescem e mesmo as médias e pequenas vão deixando um rastro de má querência pelo caminho.

Dia destes recebi no correio eletrônico, onde não se identifica uma mensagem emblemática dos dias de hoje: “O nosso inimigo não é aquele que nos odeia, mas aquele que nós odiamos!”

Será possível que chegamos a este ponto paradoxal?

É bem possível com tanta luta para chegar à conclusão de que A ou B vence tranquilamente o embate de toda hora, subjuga e estraçalha o adversário...

Gostaria de viver no tempo em que era fácil demonstrar o melhor de você.

Naquela época preservávamos tudo o que tínhamos do pouco que levávamos a escola: o lápis encurtava até desaparecer, o caderno esgotava sua última folha e a sola do sapato de tanto bater pernas desaparecia.

Vamos propor algumas mudanças para melhor: a depressão desapareceria sem ajuda de remédios, antidepressivos, bastando que houvesse uma boa conversa entre amigos e relacionamentos sem dolos; a angústia passaria a ser apenas o título de um de um grande livro de Graciliano Ramos e todos nós acordaríamos e dormiríamos muito mais felizes; a perda da dignidade seria impossível entremeio pessoas decentes, fatos corriqueiros e prosaicos, tudo bem longe das tramóias; e a baixa auto-estima afastada definitivamente pela crença em nós mesmos.

Agora mesmo com o nosso mundinho tomado de desastres eminentes, etnias se devorando e todo tipo de repressão caindo na Humanidade, melhor seria tomar algumas providencias benfazejas.

Que tal abandonar alguns programas de índios e sair pelas ruas e praças, lembrando-se daquelas inocentes brincadeiras de crianças?

Bolhas de sabão? Bolinha de gude? Pião?

Ou quem sabe soltar uma pipa com um longo rabo, muita linha e nenhum cerol?

Desta forma vamos jogar no lixo aquelas artimanhas traiçoeiras que nos esperam e nos dedicar, com certeza, a deixar sair da nossa alma, o melhor de nós. Mais emoções e sentimentos.

E ter mais coragem e esperança para enfrentar nossos defeitos...

Com certeza!