Atitude

Atitude

Pedro Coimbra

ppadua@navinet..com.br

Gosto e atitude são sinônimos dos vocábulos da língua portuguesa.

Gosto era o que usavam as mulheres do inicio do século, com figurinos copiados de revistas francesas e confeccionados com tecidos os mais estranhos imagináveis.

Já atitude era aquele posicionamento do varão que mais disfarçasse casos de corrupção como a construção da ferrovia Madeira-Mamore, amores escondidos que faziam de um homem serio, capaz de enfrentar todas as tempestades para impor sua moral.

Somente havia três classes de pessoas, as muito ricas, as fortunas medianas e as pobres de marre-de-si. Ah! E os aristocratas falidos, que viviam a cata de um bom partido.

Importante mesmo era a atitude das personagens nas pinturas e fotografias.

No Museu Bi Moreira, em Lavras, Minas Gerais, existe uma fotografia da maior Alfaiataria da época.

Ali está o dono do estabelecimento, clientes, oficiais graduados, ajudantes e aprendizes.

O proprietário, clientes e oficiais se colocavam de uma maneira aristocrática, chique, grã-fina.

De forma geral eram homens que exerciam em todos os momentos atitudes serias. Meu avô, par honrar um aval, confiado no fio do bigode, perdeu todos os seus bens e foi viver numa chacrinha.

Por estas atitudes aconteciam ate mesmo duelos, tiroteios, tudo em defesa da honra.

Hoje em dia tanto o gosto como a atitude estão jogados ao leu, sem que possamos valorizá-los.

Mulheres desfilam com gostos duvidosos, barriguinhas de fora e os próprios figurinistas as criticam.

E o que dizer da atitude...

Do comportamento ditado na disposição interior, maneira de agir em relação, objeto, situação, etc., maneira ou conduta.

Desistamos! Todos esses atributos não se encontram facilmente nos tempos modernos.

Acabaram a muito tempo, desde a minha adolescência, quando andávamos quase molambentos, roupas escassas, dinheiro sumido e consequentemente sem gosto por qualquer coisa.

Após a Grande Guerra as celebridades voltaram, a pose, o gosto e a atitude também.

Mas a mais notável celebridade que circulou aos milhões foi a estampa de notável Jose Maria da Silva Paranhos Junior, o Barão do Rio Branco. Pose de estadista, figurino impecável e um bigodaco enorme.

Com o fim do cruzeiro foi aos poucos desaparecendo e só se vê seus retratos em autarquias oficiais,,,