A nota de três reais

Da minha janela aqui em Minas tenho visto muitas ultimamente. De vez em quando, conforme o soprar do vento, elas aparecem aos montes alegrando a vida de alguns incautos. Algumas voam soltas como se estivessem perdidas por aí. Outras são trocados no comércio na feira outubral. São atraentes, feitas no mesmo modelo Real, porém de qualidade duvidosa.
Como toda nota Real que se preza tem um animal que a simboliza, a nota de três reais tem um tamanduá bandeira. A bandeira não tem cor, mas o tamanduá vem colorido de verde e amarelo com os braços abertos como se fosse dar um abraço. O abraço de tamanduá é muito comum nessa época.
A Casa da moeda não informa o ano do lançamento da nota, mas sabe-se que a sua existência é de tempos longínquos com uma maior circulação nos meses que antecedem outubro em intervalos de dois em dois anos.

Alguns se deixam enganar. Distraídos e inocentes, vendo-as leves e soltas ao vento, logo as colocam no bolso de sua desalentada existência acreditando em um investimento com retorno vantajoso que os farão felizes de novo. Outros, mais espertos, não as recebem. ­– Esse trem aqui não, dizem desconfiados e atentos.

Da minha janela observo apreensiva e impotente quão nociva pode ser essa equação de troca, ou não troca, haja vista, a velocidade de circulação dessa moeda possuir substâncias tóxicas e cancerígenas que atacam o cérebro causando, a longo prazo, danos irreversíveis.

 
Suzana França
Enviado por Suzana França em 27/09/2018
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