Deu a louca no mundo

DEU A LOUCA NO MUNDO

(DEUS ESTÁ DE FÉRIAS)

Numa manhã de setembro de um lado do mundo e noite do outro lado, tudo parecia bem “normal”. As pessoas em suas habituais rotinas. Uns nascendo, outros morrendo. Guerras, paz. Doenças, curas. Uns sorrindo, outros chorando. Pobreza, riqueza e todos os infindáveis contrapontos que alimentam a vida no nosso planeta.

No centro de tudo isso, assoberbado de súplicas, no intocável Olímpio chamado por nós de céu, encontra-se Deus. A cada segundo, as súplicas chegam de todos os lugares da Terra. E é porque passam antes por uma rigorosa triagem feita por seus colaboradores, os anjos e santos. Foi aí que Deus tomou a decisão: Resolveu tirar férias. É! Deu uma última olhadinha no Universo, atendeu alguns pedidos e sumiu. Na Terra tudo seguia seu ritmo. A humanidade envolvida em seus anseios (saúde, dinheiro, poder, ter para ser...) Continuava a todo o momento enviando súplicas aos céus. Umas de forma direta a Deus, outras para os seus santos de devoção, umas acompanhadas de promessas. Juro isso, prometo aquilo. Outras mais acanhadas encobertas pelo “seja feita a sua vontade”. Isso tudo em todos os idiomas e credos.

Os moribundos eram entregues aos cuidados do Altíssimo para serem bem recebidos na hora de sua morte, amém. Os que nasciam também eram recebidos com as bênçãos de Deus. Enfim, batizados; casamentos; consagrações; rituais; exorcismos; cristão; ateu; judeu; mulçumano; candomblé; Maomé; Budismo; Sofismo; Islamismo; Espiritismo; Gnóstico; Agnóstico; crente; descrente, não importa a “patente” vamos em frente que atrás vem gente.

Enquanto isso, no Paraíso, a santa paz tinha sido substituída por um grande rebuliço. Os anjos, arcanjos e querubins tocavam as trombetas anunciando o desaparecimento de Deus. Como isso era possível? Ninguém mais se entendia. Os santos da primeira grandeza (Francisco, José, Antônio, João, Sebastião, Jorge, Cosmo e Damião) Foram ter com o colega que sabia tudo e todos que entravam e saíam dali, São Pedro. Mas, o mesmo também estava Aturdido com a notícia e nada tinha visto. Os santos novatos, como Frei Galvão, tentavam entender o que estava acontecendo. Na ala feminina do Paraíso a situação não era melhor. Santa Clara, Teresa D’Ávila, Teresa do menino Jesus e Santa Edvirgens resolveram perguntar a Nossa Senhora do Desterro se ela não sabia de nada. Quem sabe Nossa Senhora Aparecida? Tudo em vão.

Na sala de triagem dos pedidos, os anjos e santos responsáveis pelo encaminhamento das súplicas mais urgentes a Deus, estavam completamente em pânico, não sabiam mais o que fazerem com tantos pedidos e nem como atendê-los. Pediram então, socorro a Nossa Senhora das causas impossíveis, mas a mesma não conseguindo dar conta, se valeu de sua colega Nossa Senhora desatadora dos nós, que também se deu por vencida. Para aquentar esses humanos só mesmo Deus.

Na Terra começavam a surgir às conseqüências dessas férias. Os “normais” desentendimentos humanos diários e suas eternas síndromes “falta alguma coisa para eu ser feliz” tomaram proporções assustadoras. O caos estava instalado. Em todo mundo pessoas insatisfeitas por não terem suas súplicas atendidas, começavam a entrarem em desespero. As dúvidas pipocavam por toda Terra. Ninguém entendia por que por mais que rezassem, fizessem sacrifícios, jejuns, promessas, seus desejos não eram mais atendidos. Tinha Mulçumano virando Judeu, Budista no candomblé, Cristão rezando para Maomé. Deu à louca no mundo.

Diante de tanta confusão, num País Tupiniquim gigante pela própria natureza, Deus que é “brasileiro”, se encantava com a exuberância de tanta beleza em Sua Criação. Ele realmente havia caprichado. Em Toda Sua Onisciência deixou em cada parte do Universo Sua Presença Viva. Ao homem deu a capacidade de Encontrá-lo cada vez que olhasse para uma flor, uma semente, o rio, o mar, um pássaro, as estrelas ou para outro homem, já que foram criados a Sua Imagem e Semelhança. Só que, Ele também lhes deu a liberdade de escolha. Cabe a cada homem descobrir o quanto mais simples e feliz ele seria se começassem a ver Deus em tudo a sua volta.

Assim, foi pensando em sua amada criação que Deus resolveu por fim as sua férias e voltou ao Paraíso na esperança de que um dia a humanidade desperte a consciência para o quanto é simples viver e ser feliz.

IAKISSODARA CAPIBARIBE.

IAKISSODARA CAPIBARIBE
Enviado por IAKISSODARA CAPIBARIBE em 11/09/2007
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