Ana e Bia eram amigas inseparáveis, mas o que tinha numa faltava na outra. Ana era bonita, com um corpo escultural de glúteos arredondados e firmes, longos cabelos louros e pele bronzeada. No entanto, não conseguia fazer amizades. A coisa mais difícil era um rapaz sair com ela mais de duas vezes. Uma era para conhecê-la e outra era para desistir. Bia não era bonita, mas era interessante, inteligente, simpática, amorosa, sempre pronta a ajudar a quem precisasse. Quando ela sorria parecia que o sol havia entrado para iluminar o mundo. Namorados choviam e eu fiquei a me perguntar por que uma sempre conseguia e a outra não. Convidei as duas para a festa do meu aniversário. Minha amiga na verdade era a Bia, mas como elas eram inseparáveis, convidei as duas. Só então pude entender por que Ana não conseguia prender nin-guém a seu lado, exceto Bia, que era muito generosa. Como em toda reunião, os grupos se formaram. No grupo em que Ana se colocou ninguém mais teve oportunidade de falar. Ela pegou a bola e não a soltou mais. O tempo todo ela falou de doença, remédios e fisioterapias, das dores que sentia, do calo que a incomodava e de problemas familiares. Depois começou atacar o Brasil. Falou mal do gover-no, das obras inacabadas, da falta de educação do brasileiro,das ruas sujas e dos baixos salários. As pessoas iam pedindo licença e saindo de fininho. Tudo bem, sabemos que temos problemas, mas esses não são assuntos para se comentar numa festa de aniversário. Aproximei-me de outro grupo, onde Bia estava. Esta-vam comentando da beleza do nosso país, do povo hospitaleiro, das pessoas bonitas, do clima, do mar, do carnaval, dos livros que haviam lido e das mulhe-res lindas que desfilam, despretensiosas, pelas ruas da cidade. Entendi, então, o porquê de Ana estar sempre sem companhia. Ninguém aguenta gente chata. De que adianta ficarmos falando que estamos com dor no joelho, na coluna, no pé, se o outro, além de não ter nada com isso, não pode nos ajudar? Todo mundo pode ser mais interessante, mas para isso é necessário olhar o lado bom da vida e tentar passar coisas positivas para os demais. Uma ótima maneira é ler, pesquisar, observar, ver bons programas, ir ao cinema ou assistir conferên-cias sobre os mais variados assuntos.
edina bravo
Enviado por edina bravo em 27/10/2018
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