O passado à tona

A realidade e o presente dissiparam-se e o passado veio como se nunca tivesse ido. De repente vi minha própria imagem ali.

Eu estava feliz!

Ouvi a voz da minha mãe renovada sem o cansaço de tantos anos. Risinhos vinham de todos os lados daquela pequena casa que um dia fora enorme. Todos estavam lá, felizes!

Vi as raízes dos sonhos que agora vivo e dos que ainda são sonhos.

Voltei à realidade e me vi ali de olhos lacrimejantes revendo o meu passado e re-amando cada pedacinho como se tudo pudesse ser reconstruído e revivido.

Ó Deus, como tudo mudara!

Meus dias mais felizes até então, estavam ali, escondidos.

Em cada cantinho uma magia, um mistério!

Nostalgia, melancolia, alegria, se misturavam num mar tumultuoso de sentimentos.

Como eu vivi ali!

Vivi tudo que podia ser vivido dentro de oito anos de idade.

A nostalgia era por ter ficado tudo pra traz, tudo ter ficado só na lembrança, que nunca será desprezada.

Como eu amei tudo aquilo, sem saber!

Explorei cada mistério, cada cantinho daquele lugar, talvez opaco para outros, mas para mim tem o brilho da minha inocente infância tão querida! E jamais esquecida.

Desbotadas pelo tempo estão ali as primeiras e as mais bem escritas páginas da minha história.

O inicio tudo foi ali, e uma eternidade o separa do presente.

Dói ver o cenário do meu passado sendo destruído aos poucos, resta-me reconstruí-lo dentro de mim.

Passado e presente se misturam e eu me encontro a mesma, apenas com sonhos amadurecidos e sonhos esquecidos e os planos se renovando. Escrevendo novas páginas, não muito belas, mas reais.

Recolho meu passado e me refugio no meu presente e volto a viver.

Virginia Santana
Enviado por Virginia Santana em 12/09/2007
Código do texto: T649466
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.