Brasil cai para lanterna em ranking de valorização do professor”

Essa manchete está na superinteressante - sociedade. E o artigo inicia assim: “Em um levantamento de uma organização internacional que considerou 35 países, aparecemos como a nação em que os docentes têm menor prestígio”.( Varkey Foundation).

Em 1965, iniciei minha profissão, de professor, no lendário Liceu do Ceará, ainda acadêmico do curso de Letras da UFC. Fui professor de Português e de Latim.

Em 2015 comemorei meu jubileu de ouro de magistério. A partir de 2016, resolvi dar a mim mesmo descanso. Até o limiar dos anos 1990, o professor tinha prestígio, principalmente ser respeitado por alunos, pelos pais, enfim, pela comunidade escolar.

De lá para cá o professor foi perdendo prestígio sob vários aspectos: desrespeitado em sala de aula; “Apenas 8% dos brasileiros entrevistados disseram que a profissão de professores tem prestígio semelhante a de um médico”, é o que revela a pesquisa.

A falta de prestígio não significa em relação a “status” social. Vamos para o lado de salário. O professor brasileiro do ensino fundamental e médio, para atingir um salário acima de R$4.000,00 (quatro mil reais), terá que trabalhar 60 horas por semana, em sala de aula. Se pesquisarmos salário de professores pagos por municípios cearenses, chega ao teto estabelecido, que é um pouco mais de R$2.000,00 (dois mil reais). Sob esse aspecto, a escola oficial é a que melhor paga o profissional da educação, pois este recebe gratificações por titulações. Isso não acontece em relação à rede privada de ensino.

Tive testemunho de ex-alunos que foram aprovados para o magistério da rede oficial de ensino, mas recusaram assumir, com medo da violência a que tem sido submetido o professor, principalmente em alguns bairros da periferia da capital cearense.

Pessoalmente estou cansado de ouvir a lenga lenga de valorização do magistério, da educação. Aliás, o governo brasileiro congelou até 2020 investimento em educação.

Enfim, famílias brasileiras não incentivam os filhos a seguir a profissão de professor, pelos fatores econômicos e de segurança, consta da pesquisa.

Entristece-me ver meu país ocupando o último lugar em que o profissional da educação é o menos prestigiado do mundo.Que país queremos?

Novembro de 2018

Prof. Raimundo de Assis Holanda

(Prof. Holanda)