Crônica a minha aldeia

Crônica a minha aldeia

poeta Antonio Agostinho

A minha aldeia é banhada por dois córregos enormes que são chamados de córrego da velha Aninha Soares e córrego do seu Boa Ventura que nos anos de bom inverno deixavam a minha aldeia quase toda alagada, obrigando o povo a deixar suas casas para procurar lugares mais altos e muito distantes. A tia Ana Rosa ficava muito triste com a sua criação dentro d`água sem poder fazer coisa alguma. O tio Raimundo Elias falava que aquilo era muito melhor do que uma seca como o quinze que os animais morriam todos de fome. A nossa casa ficava num alto e o curral dos animais era também num lugar muito alto e bem enxuto onde as águas não iam. A tia Ana tinha um rebanho de ovelhas que tiravam a paciência desta minha tia e mãe adotiva. Quando chegava o mês de maio as lagoas ficavam cheias e a meninada tinha onde brincar e fazer tudo quanto era tuim. Eu não tinha liberdade de pular nas águas dos córregos porque as minhas tias não deixavam e muito menos os meus irmãos mais velhos que sempre me batiam e não queriam me ver dentro daquela água suja e muito perigosa. Foi assim a minha vida em Malhadinha, a minha pequena aldeia que tanto sofreu nos anos de grandes invernos ou nos anos de estiagem. eu tenho saudade da minha aldeia e muito mais do seu povo da minha família que viveu ali o tempo todo quase no sofrimento tanto por cheias como por secas devastadoras que matavam os animais famintos.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 29/11/2018
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