T R A J E T Ó R I A

Aos 2 anos, somos colocados no colégio. Hora do lanche, hora da soneca, hora de pintar e de brincar. Começamos a descobrir o mundo, com todas as pessoas chatas que nele habitam, bem como todas as pessoas mais amáveis.

Aos 5 anos somos exibidos, feito troféus, pois já sabemos ler sem gaguejar, é o ano da nossa primeira formatura escolar e está todo mundo encantado com nosso crescimento.

Aos 12 anos conhecemos de perto o que é amor, talvez nem tão de perto, para falar a verdade. Gostamos de acreditar que nossas paqueras serão para o resto de nossas vidas, e sonhamos acordadas pensando em como nossa vida seria, de acordo com nossas escolhas, e gostaríamos de saber quão feliz seríamos em cada uma delas.

Aos 15 anos temos nossa primeira decepção amorosa, temos o coração partido e, nesse tempo, tudo é tão intenso e tão forte que parece que não vamos sobreviver, mas, olha só, estamos todos vivos. Claro que esta intensidade toda vai se esvaindo com o passar dos anos, nossa "aborrecência" não poderia durar uma vida toda.

Aos 17 somos obrigados a decidir o que queremos fazer pelo resto da vida, de preferência, devemos optar entre cursos que "deem muito dinheiro", pois nossos pais não vão nos sustentar até muito tempo além disto. E sofremos, pois a ficha de que cada decisão tomada, será refletida como consequência no futuro. Sofremos mais ainda por não sabermos o que fazer com a própria vida. E tomamos decisões precipitadas, metemos os pés pelas mãos e temos que aguentar 5 anos numa faculdade. Digo aguentar, pois abandonar um curso é como uma afronta à honra da família e nossos pais investiram tanto no nosso crescimento que não merecem este tipo de decepção.

Aos 22, nos formamos na faculdade. Tão perdidos quanto estávamos ao entrar, não sabemos qual caminho percorrer, qual passo deve ser dado. Não estamos prontos para a vida. Não estamos prontos para enfrentar nossas decisões de frente. Seguimos frustrados por ver todos os colegas seguindo e nós estamos ficando cada vez mais para trás, como se a vida tivesse um relógio (como o do coelho, de Alice), em que corremos para tentar recuperar o tempo perdido, mas estamos sempre atrasados. A vida não é fácil e não está para brincadeiras.

Aninha Torres
Enviado por Aninha Torres em 11/12/2018
Código do texto: T6524479
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.