Resposta a uma mulher misteriosa
Resposta a uma mulher misteriosa
Querida, como sempre você apareceu no momento certo e oportuno.
São características suas que nunca vou ser capaz de compreender. Está em diversos lugares, como cigana fosse. Não vale a comparação? Cigana? Creio que é exatamente assim. Alma cigana, não tem lugar determinado para ficar como que plantada nesta Terra nada pequena. Fica onde gosta, conhece, bebe o vinho, experimenta o que interessa e segue em frente. Uma maneira bastante interessante de viver.
Talvez, eu não tenho certeza, gostasse de também viver assim. Para ter ideia disso, só experimentando. E para isso é preciso de um desprendimento que talvez o tempo me tenha tomado. Não me digo velho ou sem iniciativa, mas tão somente satisfeito com o meu lugar. Às vezes a gente pensa em mudança sim, outro país, cidade grande, alternando com lugar pequeno, com o mar e a praia servindo de área da sua morada. Vida simples, talvez enjoada e cansativa com o tempo.
Escrever num lugar assim, quem sabe? Deve dar bom resultado. Concluído o trabalho, é melhor não insistir no lugar. Se você insiste em trabalhar sentido a influência do local onde está, melhor desistir. Vai cair em lugar comum, é quase certo.
Gostaria muito de saber mais sobre você. Como está sentindo a vida nestes momentos, o que vai por dentro desta alma misteriosa e ao mesmo tempo pronta para respostas que não permitam revelar sua privacidade. Simples compreender isso. Talvez sejamos todos assim, uns mais, outros menos.
Continuo buscando um encontro cada vez mais verdadeiro com minha alma. Não entendo a existência sem isso. Insistindo, parece que você vive num quarto escuro, apertado e com pouco ar. Ora, não é este o lugar para uma vida saudável. Se não estiver correto, por favor, corrija.
Escrever não é nada fácil, e trabalho concluído requer boa divulgação. Nunca este procedimento pode ser taxado como exibicionista; quem escreve tem o objetivo de transmitir, compartilhar, fazer com que o leitor pense e participe do seu texto. Acabo de firmar contrato com uma editora americana. Talvez ande um bocado, pois o livro fala em correrias, espionagem, mulheres sensuais, atentados, ou seja, tudo bem ao gosto dos norte-americanos. Só deles? Tenho cá minhas dúvidas.
Os motivos que a trouxeram de volta não são dos mais agradáveis, mas não parecem graves. Devo dizer que acho estranhos, mas esta sempre foi uma marca muito sua. Escreva. Eu também gosto de ler!
Beijo.