CONVIVER COM AS DIFERENÇAS

CONVIVER COM AS DIFERENÇAS

O último Exame Nacional do Ensino Médio realizado em todo país, pediu uma redação sobre a convivência com as diferenças. Imagino quanta idéia maravilhosa deve ter surgido com respeito a esse tema em todo território.

Um tema propício para fomentar a paz entre as pessoas e o mundo em que elas vivem. As pessoas são necessariamente diferentes em idade, raça, cultura, religião, costumes... Até mesmo entre os da mesma raça, cultura, religião, costumes... tem as diferenças individuais. Sem falar da diferença sexual, das diferenças ambientais, históricas e econômicas.

Na atualidade está sendo muito acentuada a diferença entre desenvolvidos e subdesenvolvidos. Entre os que estão à frente e os que ficaram para trás. O juízo crítico dessa discriminação é a tecnologia, que favorece a comodidade material, a rapidez na comunicação entre os povos, e também as trocas de informações entre culturas. Mas lamentavelmente é um desenvolvimento que criou mais distância do que aproximação entre as pessoas. Não é uma realidade onde acontece a harmonia das relações interpessoais, tranqüilidade da vida pessoal ou domínio de si próprio.

Os povos considerados desenvolvidos, foram beneficiados pelo progresso tecnológico e material, esses mesmos povos, subjugaram os menos favorecidos e impuseram sobre esses subdesenvolvidos os seus modos de ver e viver dentro dessa nova realidade. E essa sociedade que recebeu ajuda acabou chamando a si própria de povos em desenvolvimento. Estão desenvolvendo a partir de quais critérios? Não são a partir dos critérios dos imperialistas do sistema? Então, onde está esse crescimento? E pior, um crescimento que acaba destruindo outros povos que ainda não conseguiram dar o primeiro passo, mesmo que errado. Nesse sistema, há um cancelamento em tudo o que ajudava beneficamente a vida moral e social desses povos que ficaram para trás. Tudo por causa da maneira de vida que esses que se consideram desenvolvidos adotaram para si. Um modo de vida que depende exclusivamente do lucro e do poder, enfraquecendo assim, as forças dos ideais que aumentariam a perspectiva de vida de todos.

Na realidade, a raiz desse falta de aceitação e solidariedade, dessa rejeição de liberdade e de justiça para todos os povos, está a rejeição da liberdade da pessoa, que se reencontra em plenitude em cada ser humano. Na criança que acaba de ser concebida, na outra que acaba de nascer, naquela que começa a falar e a se desenvolver a cada dia. No jovem que começa a buscar seus ideais e sonhos, naqueles amadurecidos e cheios de vida que fazem a vida caminhar. Também nos idosos, muitas vezes incapazes de vida autônoma, nos deficientes mental, incapazes de usar retamente a razão. No caso de se suprimir a vida que brota, de matar quem ameaça os projetos, no caso de se torturar um inimigo, isso ocorre porque não se acredita no ser humano, portanto, não se crê em si mesmo.

Conviver com as diferenças é bem mais grave do que pensamos. Falaremos mais disso.

Acácio

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 17/09/2007
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