Pouco me basta para ser feliz

POUCO ME BASTA PARA SER FELIZ!

A felicidade é uma palavra apenas. O sentimento é descontínuo e, raramente o vemos no hoje; quando o percebemos ele já se foi e está no passado. Lembramos: como fui feliz e nem sabia! E, no entanto, pouca coisa é necessária para me fazer feliz: uma risada contagiante, o verde da mata brasileira, o trinado de um pássaro que se esconde na folhagem densa, uma criança pulando amarelinha. O aceno de um amigo, do outro lado da calçada, um casal de velhinhos caminhando de mãos dadas. Música suave no ar, mão estendida me convidando a dançar. A chuva, lá fora, batendo na vidraça e o calor de dois braços a me abraçar. Que gesto forte este, o do abraço. Passa a energia, amizade, segurança, carinho, compreensão, partilha da dor, partilha do amor. Paz de espírito, sensação do dever cumprido, apoio a um amigo que sofre. Felicidade é ser rico de sentimento e pobre de ódio. É olhar o sol, ver seu brilho e sentir seu calor. É ver a noite cair e a lua aparecer, ofuscando o brilho das estrelas, que antes luziam soberanas no céu escuro. Chocolate quente no inverno e sorvete no verão. Ter amigos que telefonam, reencontrar colegas da escola, marcar uma viagem sonhada. Sair de carro sem destino, lentamente, apreciando a paisagem e comentando com alguém, o corre-corre das pessoas. Família reunida no Natal e as crianças ansiosas abrindo seus presentes. Um brinde à saúde, à formatura, à vida! Passado remido se encontrando, no hoje, com o futuro promissor. Vencer mágoa e perdoar-nos, mutuamente, me dá a sensação de vitória, que me remete ao tema: felicidade. Felicidade é ver os pequenos crescerem, tornarem-se adultos, honrados e bem realizados. Novas crianças nascendo na família e perpetuando a vida. Deixei para o final o que mais me deixa feliz: conseguir passar para o papel, sob forma de palavras soltas, que vão dando sentido para aquilo que tenho em meu coração. Frases preciosas como pérolas raras, que me remetem a um momento que vivi no passado e que, através dos escritos, são revividos todas as vezes que releio. Lembro de uma frase especial de Daphne du Maurier, autora do livro Rebeca, que descreve bem o que quero dizer: "Faz-me falta um invento que permita encerrar, enfrascar as memórias, como se faz aos perfumes, para que nunca perdessem o aroma, nunca se deteriorassem. Para que quando o desejássemos pudéssemos abrir o vidro e respirar de novo o momento feliz ali conservado". Desta forma eternizaríamos a felicidade!

Gilda Porto
Enviado por Gilda Porto em 18/09/2007
Código do texto: T657939
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