Não costumo jogar na mega-sena, mas passando pela porta da loja, senti algo me puxando. Deve ser um sinal, pensei. Marquei os seis números e, dois dias depois, fui conferir. Não acertei um único número. Naturalmente aquela vontade de entrar na loja foi brincadeira de algum daqueles anjinhos que usam, pra se apoiar, um garfinho. Tudo bem, afinal tenho sorte em várias outras coisas. Esqueci o assunto e saí para caminhar. Depois dos seis quilômetros andado, sentei-me num dos bancos do posto seis de Copacabana. Apreciava as amendoeiras, sempre lindas, enquanto filosofava. Sentou-se ao meu lado um senhorzinho que, como sempre, estava doido pra puxar conversa.
Num dado momento um pombo pousou num dos galhos acima de nós e resolveu se livrar de tudo que havia comido nas duas últimas semanas, exatamente em cima de mim. Sujou minha mão e minha bermuda branquinha. Fiquei, literalmente, toda cagada.
Então me perguntei: por que será que esse pombo resolveu premiar exatamente o lugar onde eu estava sentada se o Brasil tem 8.514.876 quilômetros quadrados de extensão? Só pode ser brincadeira daqueles anjinhos moleques.
O velhinho, ao meu lado, aproveitou a oportunidade para começar a conversa: Foi um pombo – disse.
Eu: Veja o senhor como eu sou uma mulher de sorte. O Todo Poderoso, quando estava construindo o mundo, tinha pensado, primeiramente, em botar asas no elefante. Ainda bem que mudou de ideia.
Como se pode ver, nada é totalmente ruim. Com o episódio tive oportunidade de agradecer ao Criador essa mudança, repentina, que Ele teve botando asas apenas nos bichinhos menores.
edina bravo
Enviado por edina bravo em 24/02/2019
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