BOM É FILHO LONGE DA GENTE

Estou vivendo uma experiência arrebatadora. Meus dois filhos saíram de casa. A filha está dividindo um apartamento com duas moças que também estão fazendo Psicologia e o filho está morando numa república com colegas que estão trabalhando ou estagiando como ele. Mal sabia o quanto isso faria bem à relação da gente. Estamos usufruindo do sentimento de saudade, que não tínhamos enquanto estavam sob a nossa asa. E eles estão podendo comparar dois mundos: dentro e fora de casa. Estão tendo que cuidar das suas coisas, roupa, comida, limpeza do local etc., esforços pouco primordiais quando moravam com os pais. Quando ambos (19 e 22 anos) voltam ao lar no final de semana é uma alegria só: contamos as novidades de cada lado, rimos, nos beijamos na chegada e saída (coisa rara até então) e o astral fica delicioso. Nos tempos em que as 4 criaturas estavam embaixo do mesmo teto todos dias da semana, atritos vinham em atacado regularmente e pouco falávamos com maior profundidade, já que só o trivial era dito diariamente. Eu e a patroa não vemos a hora de chegar a sexta-feira para revermos nossas crias e, tomara, que esse sentimento também vigore do lado deles. Temos um grupo familiar no Zap para troca de mensagens ao longo da semana. Meus filhos saíram de casa, mas preservaram o vínculo original afetivo e físico (os quartos de ambos estão mantidos do jeito que sempre foram) e sabem que, surgindo qualquer eventualidade, poderão voltar com mala e cuia, sendo recebidos de braços e coração abertos. Tenho claro que se continuassem morando com a gente, nossa história comum fatalmente não teria final feliz. Sem contar que não teríamos a maravilhosa oportunidade de vivenciar a falta e o reencontro semanal, sentimentos saudáveis que estão nos fazendo um bem danado, deixando a gente feliz como nunca fomos antes.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 17/03/2019
Reeditado em 17/03/2019
Código do texto: T6599902
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