PAIXÃO POR CASEBRES
          (Diário  de minhas  andanças)

Amo a natureza e por conta disso tenho em meus arquivos milhares de registros fotográficos - de coisas da natureza,é claro - que vou conseguindo durante  andanças pelos arredores de minha cidade.
Porém, nada me encanta mais que a visão de casebres que ainda persistem apesar da modernidade.
Para hoje,selecionei três:

Um  dia  cinzento  - ainda que  ameno -
A pereira florida atrás da casinhola delata ares  de  agosto.

[ Retomo agostos  no  pomar de  minha  infância.Pereiras cobertas  de  branco,zumbidos de  abelhas,ventos  espargindo pétalas  como que  fôra uma nevasca  sobre  o  quintal ]
Tudo  tão  distante  no  tempo e  aparentemente tão "aqui" neste  meu  agora.
Mas,voltemos ao  casebre.
Portas e  janelas  fechadas.O vento  fresco  arrasta um  cheiro  de  terra,de  plantas...Além  de uma  cantiga  dolente  de  um  galo  solitário. 
É  domingo !
Domingo é dia  de visitar os  parentes,pitar  um paieirinho na  casa  das  comadres,espiar o  viço  das  escarolas no  quintal  de  cercas  de  ripas.
Devem ter  saído para  cumprir o  ritual,atino  com  meus  botões.
De  repente,perdido  na  imensidão  verde deste  meu  canto sulino,percebo-me  tão  solitário  quanto o  casebre à  espera  de seus  recheios humanos.
Mas é uma  solidão escolhida e  isso  me  faz  um bobo  feliz.

[ As  vezes  nem  eu  mesmo sei  de  mim  rsrs...]
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Uma  névoa  fina erguendo-se do  vale,vacas  ruminando preguiças,casebre resistindo  ao  tempo...
Há  gerânios  ao  redor  das  paredes e  a  saudade do tempo em que falas  mansas  ungiam aposentos,chuvas  benziam  telhados por  tardes  inteiras e  bem  te  vis  rasgavam  no  bico saudações  a  dias  ensolarados,
De  repente...

[ Sou  menino  passarinho,com  vontade  voar ]
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...E os  homens  cruzam  pela estrada d e chão  batido,alheios àquele olhar  safirado abandonado atrás  da  cerca  de  ripas.
Pra  vencer a   solidão, grilos  e  sapos firmam  um  pacto  de  amizade  sob o  matagal  que  brota  impiedoso.
Espio -lhe à  distância,registro suas  formas.
A  casinhola parece  encabulada.
Aquele  olhinho azul persegue-me  até  que  o final  da  curva  engula-me por  inteiro.

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Joel  Gomes  Teixeira