VOTEI NELE, MAS NÃO DEVIA. (ADAP. TWITTER)

Depois de cem dias de governo e com o rumo que estão dando ao país, não tenho a menor dúvida de que não devia ter votado em Bolsonaro. Fui avisado por amigos, pela família, todos diziam que eu estava fazendo a pior opção naquele segundo turno. Na ocasião estava convicto de que estava certo, não queria o PT de volta, Fernando Haddad dizia coisas que eu não entendia, falava em PROUNI, FIES, coisas que eu não sabia o que representavam. O pessoal dizia que o 'meu candidato' fugia dos debates para não ter que passar a vergonha de mostrar que não tinha conteúdo, projeto de governo, nada. Eu, na minha ignorância, pensava que era melhor não debater com comunista, que o 'mito' não tinha que provar mais nada, era um candidato da nova política, que não tinha seu nome envolvido em esquemas de corrupção, zelava pela família, era cristão, militar respeitado, enfim, um homem preparado para ser nosso presidente. Para ser sincero, não entendo de economia, votei mais para ter tranquilidade para andar nas ruas, afinal ele usava o lema "bandido bom é bandido morto", e isso para mim era maior do que qualquer plano de segurança pública. O 'mito' dizia frases machistas e racistas, desrespeitava mulheres, negro e índios, mas eu não me importava porque sentia que era brincadeira, era o 'jeitão' dele mesmo, até ria disso tudo. Aos poucos fui sentindo ódio do PT, meu sangue fervia quando alguém defendia Haddad, Dilma e Lula, era como se um vulcão despertasse dentro de mim e eu vomitava toda a minha estupidez contra as ideologias de esquerda, briguei com quem eu sempre me relacionei com equilíbrio, consideração. Um dia acordei no meio da madrugada e refleti de onde vinha aquela raiva toda que começava a me afastar das pessoas. Uma amiga, eleitora do Haddad, tentou me convencer de que eu devia me informar por outros meios que não a grande mídia, que havia blogs na internet que não tendiam para nenhum dos lados e ali eu podia fazer minhas análises. Juro que tentei acompanhar um desses blogs, mas não falavam mal do Haddad, quer dizer, hoje entendo que eles comentavam suas propostas, só que eu não queria ouvi-las. Bem, quando Bolsonaro assumiu tomei todas, fiquei feliz em sacanear aqueles que foram derrotados. Cem dias depois estou aqui, morrendo de vergonha de ter agido daquela forma, de servir de massa de manobra, de ter divulgado fake news, de ter acreditado em um candidato das milícias, de ter sido iludido e feito de otário. A ficha caiu e estou arrependido de ter votado nele, de ter dado voz ao fascismo, de sentir prazer com a prisão do Lula, de rir da morte de seu irmão e seu neto, de torcer para que ele apodreça na prisão. Hoje eu sei o quanto fui IMBECIL e queria pedir perdão a todos que magoei com a minha intolerância.

Antônio

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 29/04/2019
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