SEM  MEDO  DE SER   FELIZ.
 
Sempre imaginei que o passar dos anos me trouxesse o medo da solidão ou a própria solidão. Depois de mais meio século de existência, descobri que gosto de estar comigo mesma, sem ninguém por perto... Gosto de caminhar pelas ruas da cidade onde moro e prestar atenção em cada jardim colorido pelas flores plantadas por alguém que nem sabe da minha existência. Gosto de ouvir o canto dos pássaros e me encanta quando eles pousam de galho em galho, parece que estão celebrando a vida
Ao ouvir uma música, presto atenção na poesia que cada letra encerra e fico a imaginar para qual musa o poeta compositor dedicou aqueles versos, às vezes, carregados de pungente dor
. Louvo o mar em sua aparente infinitude e sinto a presença de uma força misteriosa que me transporta para outras paragens alem da linha do horizonte. Quantas vidas existem por lá, tão vivas quanto a vida que pulsa dentro de mim?
E quando caminho por algum pedaço de trilha da natureza, sinto que sou parte dessa natureza, sempre renovando e renovada.

Não tenho medo da vida. Não espero que alguém me faça feliz. Eu me responsabilizo pela minha felicidade. Eu a encontro na conversa amigável com meus filhos, nos momentos de cumplicidade com meu companheiro, jogando conversa fora com os amigos, quando faço minhas preces tentando me conectar com Deus, tomando um chocolate quentinho, ou simplesmente não fazendo nada, debaixo de um cobertor bem quentinho nos dias frios de inverno.
Se meu companheiro, se meus filhos, se meus amigos me dão alegria, ótimo! São acréscimos bem vindos na minha cota de felicidade. Depois que assumi que só eu sou responsável pela história de minha vida, sou mais feliz e consigo viver mais harmoniosamente com meus semelhantes.
 
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