Registros de uma espera
Faltam dez minutos para a lotação chegar e sair. Lembro-me de Chesterton falando dos homens que perdem o ônibus e ficam possessos, a maturidade chega mas algumas atitudes que nem uma criança é capaz de fazer surgem e nos tornam imundos.
O frio está vindo, o rio está voltando ao seu lugar. O rio Iguaçu mete medo nos seus vizinhos. E tantas frases iniciadas com artigo definido masculino já me fazem pensar que eu não tenho muita criatividade e sou incapaz de escrever sem me livrar dessas coisas.
O medidor já aponta menos de 6 metros, eu vi ontem naquela manhã gelada e branca. O rio predomina na neblina e a correnteza é forte para os que ficam parados. Tudo frio e úmido. Tudo escasso e líquido. O Iguaçu me leva todos os anos muitos dos que o circundam. Enquanto isso seus filhos crescem e andam como seus antepassados, criam posturas outrora desconhecidas o peso das responsabilidades já é notável, já não se pode apenas ficar, é preciso ir e voltar, ir e voltar, ir e voltar, ir e voltar, ir e voltar. Mais cinco minutos e talvez eu também já esteja indo. A mulher que está do outro lado com o carrinho de bebê não parece querer voltar novamente. Quanta gente nova no percurso que é sempre velho.