Haveria, como na maioria das vezes, uma beleza no caos.
Uma verdade sobre mim: estou cansada.
Mas fique tranquilo, já tem bastante tempo que perdi a vontade de falar sobre essas coisas emocionais. E talvez isso seja o complicado.
Em compensação esse ano não cansa de nos surpreender e confesso: até isso alimenta a lassidão. Veja você, a gente vem socando as pontas das facas já tem um tempo, e no meu caso – considerando sobretudo um coração inteiro e cheio de amor recusado – isso acontece muitas vezes nos círculos que antes me eram de afeto. É exaustivo defender o óbvio. E mais uma vez preciso ressaltar que isso vale para tanto para o país quanto para mim, em particular, e toda a infinidade de coisas que venho precisando engolir.
Claro que no meio de tudo isso, desde ultimo outubro onde você e o brasil entraram definitivamente na minha zona de conforto, haveria uma viagem incrível, o disco novo do Gil, as minhas sobrinhas crescendo, as ruas ocupadas. Haveria, como na maioria das vezes, uma beleza no caos. E essa beleza é que nos faria respirar. Somando isso, tivemos o supremo criminalizando a homofobia, a estação primeira de mangueira, e um encontro que parecia bonito. Até na coragem de um ou outro jornalismo, vejo certa beleza.
Entretanto, meus últimos dias têm sido de cansaço. Não tenho conseguido acompanhar a dança constrangedora dos integrantes da república e nem a sua. E se te consola, acho que ando exausta até de mim. Cansa querer entender tudo e achar que devo explicar tudo também.
Já pensei que a solução mais possível seria falar de amor, beber com quem se quer bem e se declarar como se não houvesse amanhã, mas ... respiremos.
#TextoDeQuinta