Francisco Buarque de Holanda
Como não gostar do Chico Buarque?
Como não gostar do Chico, um cara da minha época, temos idades próximas.
Cantor, poeta, compositor e escritor. Amigo dos artistas musicais mais famosos que temos e tivemos. Chico é um homem comum, simples. O político é outra coisa, são ideias. Ele nunca foi nem vereador...
Ganhou muita antipatia por ser amigo de Lula e Dilma. Realmente, do modo de ver político, não recomenda ninguém. Ambos são uns vencidos pela sede de poder e corrupção, não adianta negar, mas o assunto não é esse.
Sua história é outra. Chico tem raízes intelectuais, viveu no meio deles, gente de peso, importância e notoriedade. Não é qualquer um que é parceiro e amigo de Antonio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, Bandeira e tantos outros. Não é para qualquer um, todos sabem.
Começou moço, bem moço, com letras e músicas ainda não maduras, mas extremamente simpáticas. Mais: maturidade é conhecimento, nunca foi sinônimo de velhice. Das suas músicas, agrada-me sobremodo “Construção”, onde Chico mostrou o que sabe. Todos os versos são alexandrinos, e para completar, todos são proparoxítonos no seu final. Vão se alternando, até o término e a letra é grande.
Parabéns pelo Camões. Ele é concedido a autores da CPLP, Comunidade de Países de Língua Portuguesa, aos literatos que se destacaram pelo conjunto da sua obra. O prêmio maior, bom lembrar. Um milhão de euros, bem mais do que o Nobel, pago em dólares. Claro que a importância não é esta, o dinheiro.
Só as suas letras, ao longo de anos o justificam, afinal ainda é o maior compositor vivo do Brasil.