Lembranças
Era preta. Pobre. Lavava roupa pra fora.
Tinha medo de defunto e de caixão. Vivia sorrindo, um só dente da frente e a risada única. Um marido, dois filhos, uma casa de um vão. Linda, ela.
Um dia mataram-lhe o caçula, pelas costas, à treição. A menina soube de longe. Lembrava-se dele pequeno.
Ela morreu por dentro. Não se ouvia mais sua risada. Quis se matar. Jogar-se do alto do morro. A vida é uma miséria sem sentido.
O tempo passou, levando consigo o grosso das dores. A menina mandou-lhe um porta-retratos recomendando que ela pusesse a foto mais bonita do caçula. Ela sorriu seu único dente e teve um pensamento de afeto pela menina triste. Linda, ela.
Tinha medo de defunto e de caixão. Vivia sorrindo, um só dente da frente e a risada única. Um marido, dois filhos, uma casa de um vão. Linda, ela.
Um dia mataram-lhe o caçula, pelas costas, à treição. A menina soube de longe. Lembrava-se dele pequeno.
Ela morreu por dentro. Não se ouvia mais sua risada. Quis se matar. Jogar-se do alto do morro. A vida é uma miséria sem sentido.
O tempo passou, levando consigo o grosso das dores. A menina mandou-lhe um porta-retratos recomendando que ela pusesse a foto mais bonita do caçula. Ela sorriu seu único dente e teve um pensamento de afeto pela menina triste. Linda, ela.