Crônica da inveja
Crônica da Inveja
Por Rodrigo Santos.
Parei, sentei, olhei. Vem a vizinha. Ela pensando que ninguém a via, para dentro da minha casa olhou. Era o olhar do cuidado, do que ela queria na verdade cuidar. Se chegava uma encomenda nova, lá vinha a vizinha. Se alguma pessoa nova entrava, lá vinha a vizinha. Se algo de ruim acontecia, lá vinha sorrindo a vizinha. A sorveteria da minha mãe agora tinha uma cópia: a cópia da vizinha. Sim, ela montou uma sorveteria do lado da nossa. Lá vinha a vizinha olhar os sabores do sorvete, pra colocar na sua própria sorveteria. Lá vinha a vizinha. Minha mãe já cansada, não deu trela pra inveja. Turbinou sua sorveteria. E a vizinha? Segue copiando tudo sem um pingo de vergonha. Afinal, ela nunca teve esse sentimento. Pra ela sempre foi normal copiar. A diferença é que minha mãe descansa ao anoitecer. A vizinha não dorme. Fica apenas pensando na cópia que se pode fazer. E amanhã? Ah.. Amanhã? La vem a vizinha...