O tesser das memórias poéticas

Para o cantor Teo de Caicó meu amigo.

Tivemos a chance de se divertir, persistindo nas horas, sempre com muitas conversas e boas risadas.

Bem aí no alto, onde tua casa foi edificada no tempo, onde vislumbramos o tempo de chuva, de nuvens gigantes!

o panorama longínquo da cidade transita, fechada dentro dos silêncios que turvam na distância.

Um músico, um poeta, uma estrela rara, rolando entre pedras comuns.

Meu velho amigo, você escolheu ser diferente das outras existências, e os teus sonhos se transmutaram das vagas planícies do sítio, em um professor de inglês formado.

A imaginação é um dom dos sonhadores, que em suas aspirações mais íntimas venceram o mundo, abrindo-lhes os cadeados difíceis de todas as armações.

espíritos assim como o seu, trazem uma missão a este mundo, na qual ousam por serem ouvidas como os raios rachando as pedras em busca do metal.

e o tempo veio estacionando, trazendo em seus dias a música libertadora, e os amigos perdulários.

O tempo te deu a poesia, e a destreza de teu sonho bebeu nas fontes dos gênios.

E sua música multifacetada como o diamante, brilha permeada pelo silêncio dos cofres.

Um ser com uma missão -eu sempre pude sentir isso em você!

Distinguível pelos poucos de sensibilidade rara.

No fascínio de tuas memórias as histórias desse chão.

Histórias de um tempo passado, das noites pelo sertão. Idas e vindas nessas curvas que somem no horizonte sempre adiante.

E agora me lembro de como a poesia nasceu no vento da tarde pelo portão.

Nos gatos com sono pela casa com seus labirintos, dentro da tarde silenciosa.

Desenhos do poeta nas paredes e as redes armadas, no passar das portas.

Onde podíamos rir ali e contar piadas!

Claro também falar de amor! Falar da mulher amada!

A noite, junto com o jantar os gatos tumultuosos.

Um bom uísque os poetas bebiam para falar dos camaradas.

As plantas e o vento colidindo as folhagens.

A chuva que nos fazia crianças, pelas goteiras das telhas.

os gatos se punham inocentes diante de suas traquinagens, e nos olhavam cheios de esperança e gratidão.